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Covid-19: Há 117 concelhos no nível de contágio elevado, 46 acima do patamar de maior risco

Na última semana agravou-se a situação epidemiológica no Norte. A par de Paços de Ferreira e Lousada, Vizela é agora o terceiro concelho com maior incidência de novos casos nas últimas duas semanas. Há 46 concelhos acima dos 240 casos por 100 mil habitantes, que é o patamar definido como de risco muito elevado.

 

Com os casos de covid-19 diagnosticados no país na última semana, subiram de 72 para 117 os concelhos que registam agora uma incidência superior a 120 casos por 100 mil habitantes numa janela temporal de 14 dias, o patamar de risco elevado definido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças. De acordo com os dados disponibilizados pela Direção Geral da Saúde por concelho na última segunda-feira, dia em que é atualizada a informação a nível municipal nos boletins da covid-19, há agora 46 concelhos acima do patamar de 240 casos por 100 mil habitantes, de risco muito elevado, quando há uma semana eram 25. No Porto, onde os hospitais registam maior pressão, foi ultrapassado o patamar dos 500 casos por 100 mil habitantes.

 
 
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Os dados da DGS, que o i analisou, confirmam o agravamento da situação epidemiológica no país, em especial na região Norte onde se situam a maioria dos concelhos com maior incidência de novos casos (e que na última semana teve o dobro dos casos da região de Lisboa). Na última semana, dos 19 273 novos casos reportados no país, apenas 65% (12 499) estão distribuídos por concelhos, pelo que a análise da evolução dos casos por município não permite uma avaliação completa da situação em cada localidade. Uma questão que já foi colocada à DGS nos últimos meses e que se prende com o facto de os dados por concelho incluírem apenas notificações feitas pelos médicos quando confirmam o local de residência dos infetados e não as notificações de novos casos feitas pelos laboratórios.

Com este elemento em conta, a incidência por concelhos com base nestes dados é uma subestimativa, mas dá uma perceção sobre a evolução do risco de contágio, isto numa altura em a DGS e o Ministério da Saúde ainda não divulgam mapas de risco a nível concelhio no país e apenas algumas autarquias dão essa informação à população. O Ministério da Saúde já garantiu que os mapas de risco são utilizados desde o verão para avaliar as medidas a tomar, como aconteceu quando foram sinalizadas 19 freguesias na área metropolitana de Lisboa com maior contágio. A ministra da Saúde adiantou também na semana passada que seriam divulgados logo que estiverem mais estabilizados.

 
 

Num momento em que a situação epidemiológica se agrava, a divulgação de mapas de risco por concelho tem sido defendida por diferentes especialistas também para alertar a população para o risco atual de contágio, sendo que alguns médicos também já defenderam a necessidade de reforçar medidas nas zonas com maior transmissão, o que é previsível que aconteça nos próximos dias depois de na semana passada o Governo ter apertado restrições nos concelhos de Lousada, Felgueiras e Paços de Ferreira.

Se há uma semana os três concelhos com maior incidência de novos casos eram Paços de Ferreira, Lousada e Bragança, com a evolução da epidemia na última semana o terceiro lugar passou a ser ocupado pelo concelho de Vizela. Em Paços de Ferreira, a incidência nos últimos 14 dias subiu de 1215 casos por 100 mil habitantes para 1951. Em Lousada, passou de 680 para 1268. Em Vizela, distrito de Braga, subiu de 322 para 745. Note-se que os três concelhos têm menos de 100 mil habitantes, mas o indicador é usado internacionalmente para comparar a incidência. É expectável que concelhos com menos pessoas possam ter valores superiores, mas são níveis já bastante elevados quando o patamar de maior risco a nível europeu está fixado em 240 casos por 100 mil habitantes.

 

A nível nacional, os dez concelhos com maior incidência tendo em conta a sua população foram, além destes três os municípios de Mogadouro, Borba, Felgueiras, Belmonte, Porto, Vila Flor e Beja. Mogadouro, Borba, Belmonte e Vila Flor, registam nos boletins da DGS menos de 30 casos na última semana. Analisando apenas concelhos que registaram mais de 100 novos casos, no grupo de maior incidência destaca-se o Porto, das grandes cidades do país a que regista maior transmissão nos últimos 14 dias (548 casos por 100 mil habitantes, quando em Lisboa ou Sintra a incidência se situa na casa dos 340 casos por 100 mil habitantes). Paredes, Matosinhos, Cinfães, Penafiel, Guimarães situam-se também acima do patamar de 400 casos por 100 mil habitantes nas duas últimas semanas. Santo Tirso, Macedo de Cavaleiros e Valongo aproxima-se. Na região de Lisboa, os concelhos de Sintra e Lisboa registam as maiores incidências por 100 mil habitantes – são também os mais populosos do país e os que, em termos absolutos, registaram mais casos na última semana. Na área metropolitana de Lisboa, o concelho de Cascais surge em terceiro lugar e é, depois de Sintra e Lisboa, o único que já está acima do patamar de 300 novo casos por 100 mil habitantes.

Questionada na semana passada pelo i sobre a diferença entre os casos por concelho e totais e se estavam previstas alterações para uma imagem mais robusta da situação em cada localidade, a DGS assegurou que essa imagem mais robusta é possível quando os dados das notificações laboratoriais forem complementados com mais informação proveniente de outros sistemas, “algo que está a ser desenvolvido, ou através da monitorização prevista no Plano de Saúde para o Outono-Inverno 2020-21.” A DGS explicou que atualmente não é possível saber a área de residência do caso apenas pela informação proveniente da notificação laboratorial. “Essa informação fica disponível posteriormente, podendo-se fazer um tratamento mais robusto da informação e integrá-la no boletim. Este atraso verifica-se porque as equipas de saúde têm privilegiado uma intervenção clínica e de saúde pública”.

 

Concelhos com mais de 240 casos por 100 mil habitantes (Período de 14 dias entre 12 e 26 out, por ordem decrescente)

Paços de Ferreira, Lousada, Vizela, Mogadouro, Borba, Felgueiras, Belmonte, Porto, Vila Flor, Beja, Marco de Canaveses, Alvaiázere, Bragança, Paredes, Matosinhos, Cinfães, Penafiel, Guimarães, Santo Tirso, Macedo de Cavaleiros, Valongo, Alfândega da Fé, Alcoutim, Sintra, Lisboa, Pinhel, Amarante, Alijó, Vila Pouca de Aguiar, Ribeira de Pena, Cascais, Esposende, Fafe, Arruda dos Vinhos, Maia, Tabuaço, Idanha-a-Nova, Constância, Loures, Mafra, Almada, Vila Viçosa, Vila do Conde, Odivelas, Amadora, Vila Franca de Xira

 

Concelhos entre 120 e 240 casos por 100 mil habitantes

Guarda, Estremoz, São João da Madeira, Gondomar, Vila Real, Oeiras, Vila Nova de Gaia, Peso da Régua, Barcelos, Vila Nova de Famalicão, Mértola, Trofa, Vila Verde, Braga, Grândola, Oliveira de Frades, Resende, Entroncamento, Seixal, Póvoa de Varzim, Moita, Espinho, Cabeceiras de Basto, Santa Maria da Feira, Alenquer, Castelo de Paiva, Oliveira de Azeméis, Batalha, Vila do Bispo, Alcácer do Sal, Penamacor, Lagos, Murça, Tavira, Sines, Ovar, Vila Velha de Ródão, Sever do Vouga, Póvoa de Lanhoso, Aveiro, Redondo, Albergaria-a-Velha, Setúbal, Viana do Alentejo, Montemor-o-Novo, Gavião, Paredes de Coura, Chamusca, Mira, Torres Novas, Caminha, São Brás de Alportel, Amares, Sesimbra, Albufeira, Portimão, Cartaxo, Odemira, Trancoso, Valpaços, Chaves, Vale de Cambra, Viana do Castelo, Mirandela, Vagos, Coimbra, Alter do Chão, Celorico de Basto, Cantanhede, Abrantes, Santa Comba Dão

Dez concelhos com mais casos na última semana (19 a 26 Out.)

Lisboa (961) Sintra (691) Porto (624) Paços de Ferreira (542) Matosinhos (497) Guimarães (396) Cascais (359) Vila Nova de Gaia (358) Lousada (334) Loures (273)

In: Jornal I

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