25 Abril: Marcelo considera que revolução tinha de ser evocada
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu hoje que “o 25 de abril é essencial e tinha de ser evocado”, tal como vão ser o 10 de junho, o 05 de outubro e o 01 de Dezembro.
“Em tempos excecionais de dôr, sofrimento, luto, separação e de confinamento, é que mais importa evocar a pátria, a independência, a República, a liberdade e a democracia”, acentuou o chefe de Estado na sessão solene evocativa da Revolução dos Cravos na Assembleia da República.
No início da intervenção, Marcelo considerou que estes tempos de pandemia da covid-19 impõem unidade, mas “não unicidade nem unanimismo”.
“Seria civicamente vergonhoso AR demitir-se de exercer todos os seus poderes.”
O Presidente da República defendeu hoje que a sessão solene do 25 de Abril é “um bom e não um mau exemplo” e que seria “civicamente vergonhoso” o parlamento demitir-se agora de exercer todos os seus poderes.
“O que seria verdadeiramente incompreensível e civicamente vergonhoso era haver todo um país a viver este tempo de sacrifício e de entrega e a Assembleia da República demitir-se de exercer todos os seus poderes numa situação em que eles eram e são mais do que nunca imprescindíveis. E também nesta sessão, que sempre foi e será um momento essencial de controlo crítico e plural em liberdade e democracia – porque são esses os valores de Abril”, afirmou.
No encerramento da sessão solene comemorativa do 46.º aniversário do 25 de Abril, na Assembleia da República, Marcelo Rebelo de Sousa centrou o seu discurso na defesa desta comemoração da Revolução dos Cravos, procurando responder às “dúvidas de alguns portugueses”.
“Num tempo de confinamento de tantos portugueses, como foi na Páscoa e agora no Ramadão, não estamos perante um mau exemplo em estado de emergência, no plano dos princípios, como no do acatamento das diretivas sanitárias? Não. O estado de emergência implica um reforço extraordinário dos poderes do Governo. E, porque vivemos em liberdade e democracia e é com elas que queremos vencer estas crises, quanto maiores são os poderes do Governo, maiores devem ser os poderes da Assembleia da República para o controlar”, argumentou.
Marcelo Rebelo de Sousa salientou que “a Assembleia da República nunca parou de funcionar, e discutiu e votou o mais importante em sessões plenárias” nas últimas semanas, “respeitando as diretivas sanitárias, como obviamente se impõe”.
O Presidente da República acrescentou que “esta sessão é um exemplo disso mesmo, um bom e não um mau exemplo”, em que “se ouviram vozes discordantes que falaram de abril de 2020, de sucessos e também de fracassos, passados e presentes, e de sonhos e temores presentes numa situação crítica da vida nacional”.
PR quer “precauções bem explicadas” e rejeita “separar velhos e novos” no combate à covid-19
O Presidente da República defendeu hoje que no combate à propagação da covid-19 é preciso “conjugar aberturas amadurecidas com precauções bem explicadas e bem compreendidas” e rejeitou uma vez mais “o simplismo de separar velhos e novos”.
No seu discurso na sessão solene comemorativa do 46.º aniversário do 25 de Abril, na Assembleia da República, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que este momento exige unidade e prometeu que os mortos pela covid-19 “hão de merecer no fim desta privação uma homenagem coletiva daqueles que não puderam prestar a sua homenagem pessoal”.
O chefe de Estado afirmou também que haverá que “retirar, a seu tempo, as lições” desta crise de saúde pública, que no seu entender mostrou “as fragilidades, as desigualdades, as clivagens” do tecido social português e “as debilidades, as carências, as descoordenações, a rigidez, a lentidão” em várias instituições – “em demasiadas”, observou, sem dar exemplos.
“Esta hora impõe-nos unidade. Unidade que não é nem unicidade nem unanimismo. Mas unidade entre os portugueses, que o têm lembrado no seu dia a dia, e unidade entre os responsáveis políticos, uma convergência que tem sido decisiva para Portugal”, declarou.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “a crise económica e social” resultante da pandemia de covid-19 se fará sentir “durante anos” e que agora é preciso “conjugar aberturas amadurecidas com precauções bem explicadas e bem compreendidas que há a conjugar” e “acorrer aos desempregados, aos que estão em risco de o ser, às famílias aflitas, às empresas estranguladas”.
“Temos de continuar a resistir ao desgaste, à fadiga, à lassidão, temos de manter a máxima convergência possível, temos de não ceder ao simplismo de separar velhos e novos, metropolitanos, urbanos e rurais, regiões autónomas, sem embargo da sua autonomia específica, Porto, Norte, Centro, Alentejo, Algarve e Lisboa. E também não cair na tentação fácil de discriminar ideias, correntes de opinião ou pessoas, como se o 25 de Abril fosse só de uma parte de Portugal”, acrescentou.