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Plataforma da UMinho apoia idosos isolados na quarentena

O Instituto de Educação (IE) da Universidade do Minho criou a “Rede Aproximar”, para ajudar online a população idosa em Portugal cuja situação de isolamento e solidão se agravou com a pandemia. A iniciativa, em facebook.com/projeto.rede.aproximar, tem como objetivo otimizar os tempos livres dos idosos, estimulando as suas capacidades físicas e intelectuais e a interação social, contribuindo para o seu bem-estar biopsicossocial e espiritual.

 

A equipa de trabalho mobiliza o Centro de Investigação em Educação (CIEd), o Núcleo de Estudantes de Educação (NEDUM) e o mestrado em Educação – área de especialização em Educação de Adultos e Intervenção Comunitária. A “intervenção socioeducativa e comunitária” prevista inclui quatro campos: estimulação cognitiva, estimulação motora, educação ao longo da vida e cultura, arte e tradição. Por exemplo, há dicas para evitar o stress e a ansiedade ou para prevenir quedas, mas também se descobre canções para relaxar, se completa provérbios ou sopas de letras, se testa a destreza de movimentos e se faz uma visita virtual a um museu ou monumento. Ao fim de semana há um desafio ligado à temática dos dias anteriores.

 
 

“Estamos a trabalhar a partir dos contextos da experiência de vida dos idosos, atendendo às características dos seus comportamentos e atitudes e procurando ir ao encontro dos seus interesses, necessidades, motivações e expectativas”, contextualiza Maria Conceição Antunes, coordenadora do projeto e professora do IE. O projeto procura contemplar as vertentes consideradas essenciais a um envelhecimento bem-sucedido. A responsável frisa que aquela população precisa muito de ser ouvida, de diálogo, de descobrir ou redescobrir as suas capacidades e de encontrar novos objetivos que permitam ressignificar o sentido da vida. “A educação e o desenvolvimento humano é, efetivamente, um processo que decorre ao longo da vida, pois a expressão ‘Aprender já não é para mim’ dá frequentemente lugar à expressão ‘Nunca  pensei que conseguia fazer isto’”, acrescenta.

As atividades propostas na “Rede Aproximar” têm uma intencionalidade: “A pessoa idosa não vai olhar para elas como uma mera espectadora da TV, pois são ferramentas que apelam ao seu envolvimento e participação, em que cada um seja ator e até o protagonista neste processo de co-construção de novas aprendizagens, de manutenção e teste de capacidades motoras e mentais e de estabelecimento de novas relações interpessoais”. A implementação do projeto tem colocado muitos desafios à equipa de trabalho, até devido ao facto de a população a quem se destina não dominar as ferramentas tecnológicas. “Exige muito esforço da nossa parte, mas penso que compensará”, diz Maria Conceição Antunes.

 
 

Está também em curso a divulgação da iniciativa junto de estruturas residenciais para idosos, centros de dia, centros de convívio e oficinas seniores, sensibilizando-se estas instituições a envolverem os seus técnicos e utentes nas atividades propostas, a partilharem conteúdos da “Rede Aproximar” e a promoverem a info-inclusão. Em simultâneo, prepara-se estratégias para sensibilizar familiares de idosos sós. “O isolamento social e a solidão a que uma avó está sujeita pode diminuir com uma simples videochamada do neto a ajudar no procedimento de como ela pode seguir a ‘Rede Aproximar’”, exemplifica.

Este projeto nasceu após um apelo da Reitoria da UMinho para a sua comunidade criar plataformas de apoio à sociedade perante a Covid-19. “Pensámos nos idosos, que têm várias frentes de fragilidade e cujo isolamento e solidão são muito desconhecidos e que pioraram no período da pandemia, pois os próprios familiares deixaram de visitá-los na sua casa ou no lar”, explica Maria Conceição Antunes. “Vamos começar a impactar através do facebook, a rede social mais acessível e mais usada por esta faixa etária – é certo que muitos idosos não lidam com ferramentas tecnológicas, alguns nem têm telemóvel e desconhecem a internet, sendo uma barreira complexa, mas este é o contributo possível nesta fase e sabemos que não chegaremos a muitos dos que mais precisam”, realça, para concluir: “A universidade tem também a função de partilhar saber, especialmente com aqueles que não têm grandes níveis de literacia e de conhecimento”.

 

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