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Igreja: milhares de vítimas, de crimes, de corrupção!

A opinião pública, os jovens, as mulheres, as crianças, a sociedade não pode, jamais, desvalorizar os dados da Comissão Independente divulgados ontem e que se referem às, pelo menos, 4815 crianças abusadas no seio da igreja católica em Portugal desde 1950, valor superior à média europeia.

 
Mariana Sousa


Este relatório, refere ainda que, pelo menos uma centena destes abusadores mantém funções estando ativamente no serviço da igreja. Esta comissão propõem a retirada destes criminosos; bem como, que a idade das vítimas para a prescrição de crimes de abusos sexuais passe de 23 a 30 anos. Jean-Marc Sauvé fala de “encobrimento institucional”, sendo que, segundo os testemunhos, 58,6 % das crianças viviam com os pais, 7,8 % pertenciam a famílias monoparentais, e um quinto estavam institucionalizadas. De realçar que, quase todos os abusadores das vítimas eram homens e maioritariamente padres.

 
 


Braga, como terceiro distrito com mais denúncias destes casos prevê, no próximo dia 22 de fevereiro, uma primeira análise a esta divulgação pela Comissão de Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis.
O valor abusivo, a que a comissão refere como número “absolutamente mínimo” é incrédulo, e é perturbador pensar que em agosto estarão também um número incontável de crianças num evento católico no seio de um conjunto de membros asquerosos, e livres – aqueles que restringiram a liberdade, a saúde, e a integridade de 4815 e mais!


Bem, há relatos de impunidade perante o agressor, aliás, a moralidade com que a igreja se define impossibilita, em muitos casos, a credibilização da vítima, e esta vê-se sem apoio de família e amigos, completamente retidos pela crença, pela cegueira e pela crueldade desta instituição. Sob a ameaça da culpa, do “pecado”. Os traumas incomensuráveis, e a inércia constante da sociedade e do sistema político, são constrangedores, revoltantes!

 
 


Ora, a impunidade com que a igreja vive, alimentada pelos decisores políticos, pessoas elegidas democraticamente, e com impacto na vida das pessoas – e não faltam citações de Marcelo, Moedas, outros – é um aceno, um abraço dado que legitima, e que fomenta, membros da igreja e grupos políticos de direita, a usarem o conservadorismo como mote estratégico! A educação sexual que a escola pública tanto fomenta, e potencializa de forma a consciencializar para o consentimento e para a sexualidade é uma solução de combate social necessário e indispensável (aliado à justiça!). A direita conservadora pede que este tema seja facultativo, numa Escola com
dever e responsabilidade de criar cidadania e qualificar crianças para saberem o que está a acontecer, saberem como agir, decidir, e lutar contra estas figuras de poder público!


Há quem defenda uma identificação, exposição e prisão; há quem esteja numa cegueira interna, igual àquela que a palavra do clérigo semanalmente incute, uma soberania que influencia inibindo o pensamento, a reflexão e a razão. A moralidade esvazia-se, restando prevenir e punir!

 


Para terminar, que o silêncio de quem chora, seja vítima ou amigo; o silêncio dos que se escondem na penumbra do elitismo religioso; o silêncio de líderes políticos; o silêncio social…que este seja transformado nas vozes e gritos de justiça, numa corrente de respeito, consideração e combate. Na linha da frente, pela integridade, sempre!

TEXTO DE: Mariana Sousa

 

Artigo publicado em parceria com a Associação de Debates Académicos da Universidade do Minho

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