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Adeptos quebraram todas as regras em frente ao Estádio José Alvalade

Segundo o primeiro-ministro não haverá adeptos nos estádios antes da próxima época”, salientou há um mês, quando anunciou o fim do Estado de Emergência e um calendário de desconfinamento a conta-gotas e pleno de cautelas. Sem adiantar então avisos quanto à esperada festa se o Sporting voltasse mesmo a ser campeão ao fim de quase duas décadas.

 

As balizas viriam mais tarde na Resolução do Conselho de Ministros, que estabelecia o regresso de “eventos interiores e exteriores, embora com diminuição de lotação, e de acordo com as orientações da DGS”, e determinava “o aconselhamento da não concentração de pessoas na via pública e a dispersão das concentrações superiores a 10 pessoas, salvo se todos forem pertencentes ao mesmo agregado familiar que coabite”.

 
 

Ontem, o jogo que se antecipava que daria a vitória ao Sporting ao fim de 19 anos sem ser campeão fez-se à porta fechada. Mas uma multidão de adeptos juntou-se à frente do estádio sem impedimentos, muitos sem máscaras e sem respeitar o distanciamento obrigatório. E muitos deles a consumir bebidas alcoólicas. Mesmo porque as claques montaram um ecrã gigante em Alvalade a transmitir a partida para quem ali foi chegando ao longo da tarde.

Nem os confrontos com a polícia logo ao intervalo, motivaram reação do ministro da Administração Interna.

 
 

A festa do Sporting começou a ser preparada três dias antes do jogo, envolvendo, além das forças de segurança tuteladas pelo governo, a autarquia liderada por Fernando Medina. De acordo com as regras e as recomendações da DGS, previam o corte do trânsito entre o Saldanha e o Marquês de Pombal a partir das 19.00, encerramento de estações de metro desde as 22.30 e um desfile controlado dos jogadores num autocarro e sem paragens.

“Para quem quiser participar, vai haver um desfile que passará pelo Campo Grande, Entrecampos, Avenida da República, Saldanha, Avenida Fontes Pereira de Melo, Marquês de Pombal e sentido inverso. Os jogadores permanecerão nos autocarros. Pedimos a quem seja morador nestas zonas que assista das janelas ou nas varandas. Todos temos de fazer um esforço para não criar ajuntamentos nem aglomerações. Não podemos tornar a festa num pesadelo”, pediu o intendente Domingues Antunes, da PSP, numa conferência de imprensa ainda durante a tarde.

 

Descontrolo e silêncio

Nem as recomendações da DGS, alertando para “o risco acrescido para a saúde pública que estas celebrações representam” e emitindo “um conjunto de recomendações para as autoridades locais e forças policiais”. Nem o pedido do Presidente Marcelo, apelando à “sensatez da população nos festejos de toda a natureza, incluindo os desportivos” – já ao fim da tarde e minutos antes de se registarem os primeiros confrontos entre os sportinguistas em festa antecipada. Nada impediu que se juntassem milhares de pessoas, em nenhum momento dispersadas pelas autoridades.

 

Horas em crescendo, zero intervenção apelo ou intervenção das autoridades. Nenhuma das regras que mantêm bares e discotecas fechados há mais de um ano foi observada. Silêncio total de Eduardo Cabrita.

E ao intervalo do jogo, quando começaram a voar tochas, caixotes do lixo e balas de borracha, a intervenção das autoridades limitou-se à ameaça de que não haveria desfile até ao Marquês. E Fernando Medina mandou apagar as luzes verdes que iluminavam a estátua onde habitualmente se reúnem os adeptos lisboetas em festejos.

 

Os efeitos na saúde pública só poderão ser apurados nos próximos dias. Bem como a assunção de responsabilidades por tudo quanto correu mal e por um descontrolo inadmissível numa altura em que o país vive ainda em situação de calamidade e o governo proíbe que mais de dez pessoas se juntem à mesa.

Uma semana depois da segunda edição da Fórmula 1 em Portimão, sem público autorizado nas bancadas, e numa altura em que os primeiros eventos arrancam, com limitações brutais, parece confirmar-se que o futebol é a exceção às regras da pandemia em Portugal. Já o antecipara ao início da tarde a Sky Sports, ao anunciar que a final da Champions se realizará no Estádio do Dragão e terá até 12 mil pessoas a assistir.

Os festejos de ontem à noite, com ajuntamentos, sem distanciamento físico e sem máscaras, podem vir a ter consequências negativas na evolução da pandemia, aumentando o número de contágios.

Diário de Notícias

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