“Arte do Junco de Forjães” em exposição na Assembleia da República
De 11 a 13 de outubro, a “Arte do Junco de Forjães” vai estar representada numa exposição no Palácio de São Bento, em Lisboa, edifício que foi sede do Parlamento de Portugal de 1834 até 1976, altura em que passa a sede da Assembleia da República.
A “Arte do Junco de Forjães” é uma das 22 produções certificadas em Portugal continental patente nesta mostra organizada, a convite do deputado Carlos Brás, pela A.Certifica, o único organismo de certificação das produções artesanais,
A produção artesanal das esteiras de Junco na Vila de Forjães, no concelho de Esposende, é um dos patrimónios culturais, a nível material e imaterial, mais estimados e queridos pela população local, que aqui foi introduzido ainda no século XIX, dando origem a um grupo de artífices à época designado por “esteireiros”.
O apogeu que teve no século XX deve-se a uma extraordinária conjugação de fatores: desde logo um saber fazer histórico; o impacto da adesão de um número significativo de famílias do lugar da Pedreira a este artesanato, aumentando a produção, especializando-se nela, junto com uma capacidade de criação e redes de comércio para territórios bem distantes da freguesia; o ter aproveitado os recursos naturais existentes na proximidade, mas não tão próximos como seria expectável, pois podiam usar o junco do rio Neiva, de águas doces, mas procuraram o junco de água salgada, o junco marítimo. A genuinidade e diferenciação das esteiras e cestas de junco dos artesãos de Forjães, assentes na sua qualidade e salinidade, sempre se distinguiram relativamente a artes similares que utilizam a mesma fibra vegetal.
Assiste-se, nos tempos mais recentes, a um ressurgimento desta produção artesanal, mercê do interesse suscitado quer pelos saberes tradicionais envolvidos, quer pela sustentabilidade das matérias-primas utilizadas.
Numa estratégia de preservação e valorização deste património, o Município de Esposende tem em funcionamento, desde julho de 2022, o Centro Interpretativo do Junco, instalado na antiga Escola Rodrigues de Faria, atual Centro Cultural de Forjães.
Já em julho deste ano, naquele local, decorreu a cerimónia de certificação do artesanato do Junco de Forjães. Ficou, assim, formalizado o processo de certificação da Unidade Produtiva Artesanal (UPA) de Isa Joana Silva, tornando-se, até ao momento, a única artesã/UPA certificada. No âmbito deste processo de reconhecimento do Junco de Forjães, foram ainda entregues Cartas de Mérito pelo CEARTE a Rosa Maria Pinto Brochado dos Santos, Maria Celina dos Santos Teixeira e Maria Filomena Mendanha da Rocha, cujo legado e testemunhos muito contribuíram para a emancipação desta arte, indo mais além da sua própria sobrevivência.
Refira-se que o artesanato do junco de Forjães configura uma das estratégias, do Plano de Ação para a Sustentabilidade, Crescimento e Competitividade do Turismo em Esposende: 2023_2027, pelo que o Município tem vindo a investir na sua preservação e promoção, ao abrigo da estratégica de valorização e potenciação do seu território, associado ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.