Biblioteca Pública de Braga evoca André Soares, mestre do rococó
A exposição “‘A arte em Portugal no século XVIII’: Congresso Internacional de Homenagem a André Soares”, organizada pela Biblioteca Pública de Braga e pelo investigador Eduardo Pires de Oliveira, vai ser inaugurada no dia 14 de setembro, às 17h00, no Palácio do Raio, em Braga.
A mostra, com entrada livre de terça-feira a sábado, entre as 10h00 e 13h00 e as 14h30 e 18h30, insere-se nas celebrações dos 300 anos do nascimento e dos 250 anos da morte do mestre português do barroco rococó, promovidas pelo Município de Braga. A exposição foca-se no congresso realizado em 1973, do qual saiu definitivamente consagrada a figura de André Soares.
Esse Congresso Internacional de Estudos, com o tema “A arte em Portugal no século XVIII”, foi então sugerido ao Município de Braga pelos historiadores de arte Flávio Gonçalves, da Faculdade de Letras do Porto, e Robert Smith, da Universidade da Pensilvânia (EUA), que anos antes tinha “descoberto” a obra de André Soares (1720-1769). O congresso enquadrou o chamado “maior artista minhoto de todos os tempos” no contexto nacional e mundial e reuniu figuras da Europa e das Américas, constituindo um marco científico-cultural.
A presente exposição, de natureza essencialmente bibliográfica e documental, encontra-se organizada em cinco núcleos: o presidente honorário do congresso (o historiador de arte e lusófilo Robert C. Smith); os trabalhos do congresso; os vários aspetos da sua organização; as publicações resultantes das comunicações produzidas e trabalhos sobre o homenageado; e as notícias na imprensa relativas a esta iniciativa. A exposição apresenta ainda um conjunto de painéis alusivos com fotos, catálogos, circulares, boletins, programas, atas e até cartões de participantes.
O catedrático José Augusto França, da Universidade Nova de Lisboa declarou então ao “Diário de Lisboa” que “Em opinião unânime, em nenhum outro congresso da Europa ou das Américas os presentes foram mais gentil ou generosamente tratados do que em Braga, pela municipalidade”. António Bonet Correia, da Universidade Complutense de Madrid, referindo-se também ao sucesso deste evento e à qualidade das comunicações apresentadas em torno do século XVIII, enfatizou que “A publicação dos trabalhos do congresso será muito importante para a bibliografia do barroco”.
Obreiro muito responsável pela fisionomia da região, André Soares produziu dezenas de obras de arquitetura, talha, ferro, desenho e cartografia, destacando-se pela criatividade e ousadia. O seu primeiro grande projeto foi o novo Paço Arquiepiscopal de Braga, hoje Biblioteca Pública de Braga. Seguiram-se na cidade mais 21 obras, realizadas no Palácio do Raio (palco desta exposição), nos Paços do Concelho, no Mosteiro de Tibães, no Santuário da Falperra, na Igreja e Convento dos Congregados e no Bom Jesus. O seu talento estende-se pelo Norte do país, do qual constituem exemplo a talha da Capela da Sra. d’Agonia (Viana do Castelo), o Palácio de Mateus (Vila Real), a Sé de Lamego, além de obras em Guimarães, Vila Verde, Esposende, Ponte de Lima, Amares, Arcos de Valdevez, Penafiel e Gaia.