Braga em risco: exploração mineira em Montalegre põe em perigo água potável e turismo balnear
O regresso da exploração mineira à Borralha, em Montalegre, pode transformar-se numa ameaça silenciosa para milhares de pessoas e para o turismo do norte do país. O próprio Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da APA admite “risco de afetação da qualidade da água” e “risco de pressão sobre os recursos hídricos” — alertas que acendem todas as luzes vermelhas nas margens do Rio Cávado.

As descargas previstas no âmbito do projeto podem atingir diretamente as albufeiras da Venda Nova, de Salamonde e da Caniçada, três pontos estratégicos da bacia hidrográfica do Cávado. Estas barragens são fundamentais não só para o turismo balnear e náutico, que é um motor económico essencial para o território de Vieira do Minho, Terras de Bouro e do Parque Nacional da Peneda Gerês, mas também para o abastecimento de água potável a milhares de pessoas, incluindo à cidade de Braga.
⚠️ Água contaminada, turismo ameaçado
Os lagos artificiais que atraem anualmente milhares de turistas, banhistas e praticantes de desportos aquáticos poderão ver-se afetados por descargas de efluentes e sedimentos contaminados provenientes das futuras operações de lavagem e tratamento do minério.
A simples presença de metais pesados — como tungsténio, cobre ou estanho — pode alterar o equilíbrio químico da água, afetando fauna aquática, ecossistemas ribeirinhos e, em última instância, a saúde humana.
🚱 Braga pode receber água contaminada
O Rio Cávado, que abastece a cidade de Braga e várias populações ao longo do vale, recebe a mesma água que nasce nas montanhas de Montalegre e atravessa as albufeiras em causa. Ou seja, qualquer contaminação na origem repercutir-se-á em toda a cadeia, comprometendo a qualidade da água para consumo humano.
🌊 Um risco que pode arrastar o Barroso e o Minho para nova crise ambiental
Enquanto o processo de consulta pública decorre até 17 de novembro, cresce o receio de que o projeto mineiro da Borralha possa desencadear uma catástrofe ecológica de larga escala — não só pela destruição da paisagem, mas pelo impacto direto sobre os recursos hídricos de que depende todo o território.
As albufeiras de Venda Nova, Salamonde e Caniçada, outrora símbolo de vida, lazer e turismo sustentável, podem tornar-se vítimas colaterais de uma exploração que ameaça transformar a pureza das águas do Gerês num passivo ambiental de dimensões incalculáveis.


