Centenas de cidades já sentem alterações climáticas mas faltam medidas
O relatório “Cidades em Risco” foi conhecido esta terça-feira e baseia-se em dados do ano passado relativos a 620 cidades de todo o mundo. A maior parte, 530, representando uma população de 517 milhões de pessoas, diz estar a ter problemas relacionados com as alterações climáticas.
Esta investigação é da responsabilidade da organização não governamental Carbon Disclosure Project (CDP), com sede no Reino Unido, e procura apoiar empresas e cidades, onde se incluem Lisboa, Porto, Braga, Cascais e Guimarães a gerir os impactos ambientais provocados pelas alterações climáticas.
Os principais riscos identificados prendem-se com inundações (71%), calor extremo (61%), e secas (36%). As cidades relatam ainda riscos sociais associados, como o aumento das dificuldades para populações vulneráveis, aumento da procura de serviços públicos, como a saúde, e aumento dos casos de doenças.
Os dados do CDP mostram que apenas 336 das cidades (54%) estão a avaliar as vulnerabilidades e a calcular a capacidade de resposta e adaptação aos riscos.
Segundo o documento, as cidades que estão a avaliar as suas vulnerabilidades têm duas vezes mais hipóteses de identificar riscos de longo prazo e quase seis vezes mais possibilidade de executar ações de adaptação.
As cidades que estão a tomar medidas referiram ações como a defesa contra inundações e a gestão de crises, incluindo sistemas de alerta e de evacuação. No entanto, segundo o documento, 46% das cidades disseram que não estão a tomar qualquer medida, incluindo 41% das cidades que dizem que já sentem os efeitos das alterações climáticas.
A ciência mostra que até 2050 oito vezes mais moradores das cidades estarão expostos a altas temperaturas e mais 800 milhões de pessoas podem estar em risco devido à subida das marés e a tempestades, refere-se no documento.
“Das inundações aos incêndios florestais, os impactos das mudanças climáticas já se estão a fazer sentir nas maiores cidades do mundo. As alterações climáticas, se não forem controladas, anularão muitas das conquistas económicas e sociais testemunhadas pelas cidades nas últimas décadas. É vital que as cidades tomem medidas para construir resiliência e para proteger os seus cidadãos do aumento dos impactos da mudança do clima. Todas as autoridades das cidades devem fazer avaliações abrangentes de vulnerabilidade”, disse Kyra Appleby, diretora para as Cidades, Estados e Regiões do CDP, citada no relatório.
O documento começa por lembrar que o mundo está em rápida urbanização e que nos próximos 30 anos cerca de 70 milhões de pessoas vão em cada ano mudar-se para áreas urbanas. E que até 2050 dois terços da população do mundo viverão em cidades.
Essas cidades vão sofrer com o impacto das alterações climáticas pelo que “o primeiro passo para fazer face aos riscos é medi-los”, salienta-se no relatório.