Covid-19: Forças Armadas realizaram 1.500 ações em lares e formaram 20.000 funcionários
As Forças Armadas criaram um plano de apoio para 2.770 lares, ao abrigo do qual realizaram já 1.500 ações e deram formação a 20.000 funcionários sobre normas de atuação no âmbito da pandemia de covid-19.
“Identificámos os problemas que houve nos lares e desenvolvemos e desenhámos no Estado-Maior-General das Forças Armadas todo um plano de apoio aos lares para a segunda fase” da pandemia, disse em entrevista à agência Lusa o diretor de saúde militar, João Jácome de Castro, ao fazer um balanço da intervenção dos militares na crise pandémica provocada pelo novo coronavírus.
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Além das ações de desinfeção nos lares, foi ministrada formação aos funcionários sobre os procedimentos a observar na forma de manusear os equipamentos, os circuitos que devem ser instalados dentro das instituições, os cuidados a ter no contacto com os idosos e com as visitas.
“Isso foi uma ação muito enriquecedora do ponto de vista do país e para nós, médicos militares que estivemos envolvidos no desenho”, assumiu.
O trabalho é apoiado pelos diferentes ramos das Forças Armadas – a Marinha, o Exército e a Força Aérea -, sob a coordenação do Estado-Maior-General. Envolve médicos, enfermeiros, farmacêuticos e outros técnicos, com capacidade para atuar de forma estruturada “nas situações mais adversas”.
O apoio aos lares de idosos no Norte passou, desde logo, pela transferência de 100 doentes destas instituições para o Hospital das Forças no Porto, frisou o general.
“Na maior parte dos países, naquilo a que chamamos as emergências de saúde pública, as Forças Armadas têm um papel determinante, por causa do planeamento, da organização, da forma disciplinada de atuar”, defendeu.
Nos hospitais, prosseguiu, é “extremamente importante” a forma de atuar: “Como médico noto imenso, o comando e o controlo, saber que há uma pessoa que manda, que há uma cadeia hierárquica. E não basta mandar, é preciso que as coisas depois de serem decididas sejam executadas. E depois é preciso fazer a supervisão”.
“Estes aspetos, que parecem elementares, nas Forças Armadas são cultivados”, referiu.
As forças portuguesas mantêm contactos com as congéneres de outros países europeus, mas também no plano da NATO, sobre a atual situação pandémica, revelou quando questionado sobre a troca de informação e partilha de experiências ou procedimentos nas instâncias de cooperação.
“Sim. claro que sim. Ainda ontem [quarta-feira] estive a tarde inteira numa videoconferência com camaradas e colegas da União Europeia e tenho hoje à tarde [quinta] uma reunião, conferência também, com as estruturas médicas da NATO. Há de facto uma articulação entre estruturas de saúde militares nos países da NATO e nos países da União Europeia”, indicou o responsável pela saúde militar em Portugal
“As Forças Armadas são, de facto, um pilar importante na resposta a este tipo de situação”, frisou.
Além da carreira hospitalar, desenvolvida nas várias áreas da medicina, os médicos militares têm uma formação específica na área da saúde militar que os habilita a intervir em situações de crise.
Há também os exercícios militares realizados anualmente e que simulam “situações complexas”, como terramotos, inundações, contextos de crise de emergência de saúde pública.
“Ser médico ou enfermeiro militar torna-nos um pouco diferentes”, admitiu durante a entrevista realizada no Hospital das Forças Armadas, em Lisboa, que definiu como “um hospital igual aos melhores”.
Lusa