Covid-19: «Nos próximos dois meses vão morrer 10 mil portugueses» segundo especialistas
Nunca morreram tantas pessoas como agora e as previsões são assustadoras: «Portugal deve registar mais 10 mil vítimas mortais devido à Covid-19 até meados de Março, numa tendência crescente muito superior à atual». Quem o diz é Carlos Antunes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e membro da equipa que faz os modelos pandémicos.
Em declarações ao ‘Diário de Notícias’ (DN), o responsável estima que o total de mortes em Portugal atinja os 20 mil nos próximos dois meses, morrendo assim «muito mais (pessoas) do que até agora». Isto corresponde a um acréscimo de mais 10 mil óbitos, uma vez que até ontem o total era de 9.246 vítimas mortais.
«O teto para a projeção dos óbitos estava num valor valor médio de 224 por dia. Na segunda-feira, a previsão indicava que seria de 200 óbitos a partir de 24 de janeiro, e isso já foi ultrapassado», refre Carlos Antunes ao ‘DN’. «Para esta semana, o valor médio de óbitos era de 176 mortes e já somámos 218», acrescenta.
Janeiro pode muito bem vir a ser o mês com mais mortos desde 1980, uma vez que nunca morreram tantas pessoas como nas últimas duas semanas. Mas nem tudo se deve à Covid-19, de um total de 10.310 óbitos neste período, apenas 2.122 são devido à doença viral.
No que diz respeito às infeções, prevê-se que sejam atingidos os 14 mil casos diários entre os dias 24 e 30 de janeiro. «Trabalhamos com dois modelos em termos de incidência da doença para o número de casos, um aponta para os 14 mil infetados», adianta o especialista.
Ainda assim, ressalva que «este pico pode ser ultrapassado. Tudo vai depender da dinâmica da doença. E, nesta altura, desconfiamos que haja uma subestimação na identificação de casos, devido ao facto de a cadeia de rastreio não estar a acompanhar a evolução da doença», disse citado pelo jornal.
Por sua vez, sobre os internamentos, as previsões apontam para um cenário próximo dos 6500, tanto em unidades de cuidados intensivos (UCI), como em enfermaria, sendo que no primeiro caso se esperam entre 800 a 900.
Segundo Carlos Antunes, é provável que a partir dos dias 26 e 27 de janeiro se atinja os seis mil internamentos, uma barreira que deve ser ultrapassada, chegando até aos 6500. Quanto ao pico, esse só deve acontecer em meados de fevereiro, revela.
Executive Digest