D. Jorge Ortiga apela “Não poderemos ter a multidão de pessoas nos nossos cemitérios no dia 1 e 2 de Novembro.”
O Arcebispo de Braga pede, esta terça-feira, na mensagem por ocasião da celebração dos Fiéis Defuntos, que “o aglomerado de familiares à volta das sepulturas deverá ser substituído pela revitalização de coisas já esquecidas” e por “novos hábitos que sublinhem as verdades em que acreditamos”.
D. Jorge Ortiga afirma que a circunstância actual deve ser aproveitada para “reflectirmos mais profundamente” e refere a redescoberta da família “como Igreja doméstica” para falar da oração – como da caridade – como uma forma de “revitalizar” a devoção.
O prelado diz que a ligação aos entes falecidos “passa pela oração, na eucaristia e na vida pessoal e familiar, pelas esmolas e por todas as experiências de caridade” – mais valiosas “que todas as flores, círios ou sepulturas ornamentadas”, alertando também para as “alminhas” que hoje estão abandonadas e que esta é uma oportunidade para as recuperar, “restituindo o significado que sempre tiveram: o convite à oração”.
D. Jorge Ortiga estabelece, na mensagem, o cancelamento das celebrações comunitárias nos cemitérios – assim como relembra a proibição de procissões e romagens –, mas pede aos sacerdotes que, sem aviso prévio, se desloquem aos cemitérios para que, “pessoalmente e como pastores das comunidades, rezem por todas as pessoas falecidas”.
Para o Arcebispo Primaz, todo o mês de Novembro “deveria ser aproveitado para frequentes visitas aos cemitérios”, sempre a evitar os aglomerados, “com a consciencialização de que, com eles, teremos de percorrer um caminho de santidade”.
D. Jorge recordou, também, que a vida “deve ser encarada como um projecto de santidade” e que “estes momentos de alguma anormalidade” devem ajudar a ultrapassar a questão da “preponderância do culto dos mortos sobre a vocação à santidade” que os dois primeiros dias de Novembro “deveriam sublinhar”. Por outras palavras, “celebrar os mortos terá de ser sempre um apelo à santidade”.