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Dois projetos para “ensinar a ler o território”

Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e o ForestWISE (Laboratório Colaborativo para Gestão Integrada da Floresta e do Fogo) apresentaram na passada sexta-feira os primeiros resultados do lançamento de dois projetos que vão transformar a forma como em Portugal se previne e combate os incêndios florestais.

 

No evento que juntou o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, a Secretária de Estado da Justiça e as entidades públicas e privadas envolvidas na prevenção e combate aos fogos rurais, foi demonstrado o potencial da utilização da tecnologia do voo LIDAR e da implementação da futura Plataforma Interoperável do SGIFR (PLIS).

 
 

O ministro da Ciência, Manuel Heitor, assinalou, na abertura do evento, que os dois projetos são a demonstração de que não existem limitações para o conhecimento e que a articulação institucional é essencial. E que Portugal tem de apostar em “novos métodos de observação”, como os satélites, anunciando o plano de colocar em órbita uma nova constelação de 16 satélites portugueses capaz de dar acesso a informação, num esforço público e privado.

Por seu turno, o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, elogiou o esforço de inovação que os projetos representam, por serem “a ferramenta da mudança que permitirá termos territórios inteligentes e uma floresta bem gerida.” O ministro acrescentou ainda que este tipo de iniciativas têm a mais-valia de “ensinar a saber ler o território”, significando a “passagem do senso comum para o bom senso”.

 
 

A apresentação sobre o primeiro projeto referido ficou a cargo de Abílio Pereira Pacheco do ForestWISE e de Vesa Leppanen, da empresa finlandês Arbonaut. A recolha de dados realizada nos sete territórios piloto fez o mapeamento de cerca de 45 mil hectares e medições de 499 parcelas. Segundo Abílio Pereira Pacheco, o recurso a esta tecnologia permitirá disponibilizar “informação cartográfica detalhada sobre material lenhoso, carbono armazenado e edificado”, a disponibilizar pelo ICNF no futuro por qualquer entidade que o solicite.

Entre as aplicações práticas desta tecnologia, Vesa Leppanen elencou a identificação de estradas, casas e fluxo de água, a construção de modelos de combustível a partir do tipo de vegetação detetada, a previsão do comportamento do fogo no terreno e até a identificação zonas de risco pela proximidade de árvores a habitações.

 

Depois da apresentação, coube às entidades beneficiárias debater sobre a importância da qualidade da informação, a relevância da sua partilha pelos utilizadores e listar as mais-valias que a colaboração irá trazer.

Cristina Santos, do ICNF, destacou que a utilização destes voos a todo o território irá permitir “focar nas áreas prioritárias”, aprofundar “estudos hidrológicos e contribuir para um melhor ordenamento do território”.

 

Mário Caetano, da Direção-Geral do Território, apresentou uma visão sobre os futuros produtos cartográficos a disponibilizar graças ao recurso a novas tecnologias, como o satélite. Exemplos concretos apresentados foram a disponibilização da produção mensal de bio-massa em Portugal ou uma previsão do risco de cheias.

Pedro Tavares, da Estrutura de Missão eBUPI, antecipou depois o “avanço mais rápido do sistema de informação cadastral simplificado” graças à “combinação destas muitas tecnologias”.

 

Por fim, Hugo Costa, da Portugal Space, elencou algumas das vantagens de Portugal ter passado a ser “membro do grupo restrito de países com imagens de satélite próprias”, como conseguir “ver a direção do vento durante incêndios” e “monitorizar a regeneração depois dos incêndios”.

O evento serviu ainda para apresentar algumas conclusões preliminares sobre a implementação da plataforma de interoperabilidade do sistema de gestão integrada de fogos rurais (PLIS), nomeadamente a identificação de entidades que não estavam mapeadas, mas que fornecem dados ao sistema (como a AT e a AMA) e a necessidade de uma maior autonomização das relações entre as entidades.

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