“Este tipo de disparates são próprios de outras latitudes”: Eurodeputado ataca Governo e António Costa no caso do procurador europeu
Esteban González Pons, eurodeputado espanhol do Partido Popular (PP), acusou na passada quarta-feira, dia 20 de janeiro, António Costa e o Governo português de mentirem no caso do procurador europeu José Guerra.
Esteban González Pons afirmou que o primeiro-ministro português e o Governo “mentiram ao Conselho sobre as habilitações de um dos candidatos ao Parlamento Europeu” e que isso levou a uma “decisão que nunca deveria ter sido tomada”. Defende ainda que “as mentiras devem levar a consequências”
Segundo o vice-presidente do PPE, “este tipo de disparates são próprios de outras latitudes” e “não jogam a favor da presidência portuguesa do Conselho da UE”. Esteban González Pons disse ainda que nem sabe o que é pior, “a desculpa de erros administrativo ou a teoria da conspiração internacional anti-portuguesa”, e pediu à Comissão Europeia para investigar o caso.
Também do PPE, a eurodeputada alemã Monika Hohlmeier, que preside à comissão parlamentar de Controlo Orçamental, defende que “a procuradoria Europeia tem de ser independente devido à sua própria natureza” e “os procuradores nomeados devem ser independentes”. “Dar preferência a determinados candidatos é inaceitável e não há qualquer base transparente para a nomeação. Isso é algo muito errado e peço que isto mude”, disse.
O PPE pediu ainda uma investigação ao caso e apelou ao Governo português para que assuma a “sua responsabilidade perante os portugueses e a União Europeia”. “As mentiras devem acarretar consequências”, referiu.
S&D nega ingerência: “Se isto fosse esta uma batalha naval e diria que foram três tiros na água”
Em defesa do Governo português saiu a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), onde o PS está representado. A eurodeputada Isabel Santos garantiu que “não houve interferência política” no processo de nomeação e, ainda de lhe ser silenciado o microfone, acusou o PPE de integrar “os verdadeiros urdidores desta campanha de desinformação, uso único objetivo é atingir a presidência portuguesa do Conselho da UE”.
O eurodeputado Pedro Silva Pereira assegurou também que o processo foi transparente e disse que “uma coisa são dúvidas legitimas e de boa fé sobre a transparência das nomeações do Conselho nas nomeações dos procuradores europeus, outra são as acusações falsas”. “Hoje sabe-se que esse parecer [do júri europeu] não é vinculativo e que também não foi seguido por outros países”, mencionou, referindo-se à Bélgica e a Bulgária.
“Acusaram o Governo de fazer uma nomeação política mas hoje está esclarecido que o procurador português não foi escolhido pelo Governo, mas sim por um órgão independente. Disseram que a decisão do Conselho foi determinada por mentiras e erros no currículo do candidato, mas hoje sabe-se que o currículo junto ao processo não tinha erros e que o fundamento da decisão do Conselho não se baseou em quaisquer erros”, explicou.
“Se isto fosse esta uma batalha naval e diria que foram três tiros na água, porque isto não passa de um caso artificial”, ironizou.