Guimarães atribui Medalhas de Mérito a Teresa Gama Brandão, Jorge Nascimento, Ernesto Soares e Vasco Faria
A proposta de atribuição de Medalhas de Mérito Municipal a Teresa Gama Brandão (Mérito Social), Jorge Nascimento (Mérito Cultural), Ernesto Soares (Mérito Humanitário) e Vasco Silva de Faria (Mérito Artístico), no âmbito das Comemorações do 24 de Junho – Dia Um de Portugal, será deliberada na reunião de Câmara da próxima segunda-feira, 20 de junho.
A proposta apresentada pelo Presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, atende aos relevantes contributos para Guimarães das personalidades em apreço, por verificar os pressupostos de excecionalidade previstos no Regulamento de Atribuição de Medalhas Honoríficas Municipais, ou seja, o reconhecimento de relevantes serviços prestados à comunidade vimaranense, ao país ou à humanidade cujos méritos sejam considerados extraordinários.
A Medalha de Mérito Municipal compreende o grau ouro e destina-se a distinguir as pessoas singulares ou coletivas, nacionais ou estrangeiras, que se distingam pelo seu significativo contributo em áreas específicas de atividade – social, humanitária, empresarial, cultural, científica, cívica, desportiva, política ou outras – de que advenham assinaláveis benefícios para o prestígio e notoriedade do Município, para a melhoria das condições de vida dos seus munícipes, para a honra da sua história ou para o seu desenvolvimento futuro.
A sessão solene está agendada para o dia 24 de junho, às 18h30, no Campo de São Mamede, no âmbito das Comemorações do Dia Um de Portugal
Medalha Municipal de Mérito Social
Teresa Gama Brandão
Nasceu em Vila Praia de Âncora, filha de um médico que dirigiu o Sanatório de Gelfa e desenvolveu toda a sua carreira profissional no distrito de Viana do Castelo.
Atraída desde cedo pelo estudo das línguas e pelas viagens, rumou ainda jovem a Inglaterra, onde trabalhou durante mais de dois anos, o tempo necessário para concluir o curso de Língua Inglesa e estudar História e Poesia Anglo-saxónicas.
De regresso a Portugal, obtém as equivalências dos estudos de Inglês e completa o curso superior de Francês o que lhe permitiu iniciar a sua carreira profissional, já em Guimarães, no Colégio de Nossa Senhora da Conceição, onde lecionou aquelas línguas durante 15 anos, com um ano de interrupção, enquanto viveu em Luanda, acompanhando o marido aí mobilizado, período durante o qual continuou a lecionar, mantendo sempre a empatia e a dedicação que, ainda hoje, a fazem ser conhecida simplesmente por “professora” ou “teacher”.
De volta a Guimarães, impulsiona a criação da Associação Luso-Britânica e, mais tarde, do Instituto Luso-Britânico, de que é Coordenadora e Diretora de Estudos desde a sua criação, há 42 anos, contribuindo decisivamente para a aprendizagem do inglês por gerações de estudantes, mas também por inúmeros profissionais que encontravam no Instituto a solução para se valorizarem.
Apreendeu desde a infância o valor da solidariedade e apurou uma fina sensibilidade para as carências dos seus concidadãos. O que fez desde sempre para acorrer aos mais necessitados, discreta e anonimamente, justificou que fosse eleita para assumir responsabilidades dirigentes na Santa Casa da Misericórdia de Guimarães, a cuja Assembleia Geral presidiu durante 12 anos, na Conferência Vicentina ou no Lions Clube, onde a chegou a presidir ao Conselho Nacional de Governadores.
O percurso de Teresa Gama Brandão é igualmente notável pelo pioneirismo com que afirmou as capacidades profissionais e de liderança das mulheres, o poder da sua iniciativa e a absoluta compatibilidade entre família, profissão, intervenção cívica e uma carreira associativa internacional.
Recorda com especial agrado, pelo seu impacto, a campanha do leite nas escolas, nos anos 1970, uma iniciativa que o Lions de Guimarães conseguiu depois implantar a nível nacional, e o alargamento da abrangência da Conferência Vicentina para além da Paróquia da Oliveira. O que a própria escreveu a propósito deste exemplo sintetiza a forma como Teresa Gama Brandão pensa e pratica a ação social: renovei a sua orientação de longas décadas porque não podia ser apenas um movimento solidário dentro dos limites da Paróquia, mas mais abrangente, ao encontro dos casos sociais com carências visíveis, porque a caridade humanitária, a ajuda, não se pode confinar a limites, tem que estender o braço até onde ele é necessário.’
Medalha de Mérito Cultural
Jorge Nascimento
Ligado a Guimarães desde o verão de 1963 e residente desde 1970 Jorge Nascimento ligou-se ao movimento associativo em 1971, tornando-se sócio fundador e dirigente da Associação JUNI.
Foi também sócio Fundador e membro dos corpos sociais do Motor Club de Guimarães, Presidente da direção da ERDAL, Vice-Presidente da Sociedade Musical de Guimarães e Membro fundador do Chorus Anima Populi.
Licenciado em Português e Francês, Mestre em Educação, Especialidade em Desenvolvimento Curricular, e Doutorando em Educação, com a mesma Especialidade, desenvolveu uma intensa carreira profissional ao longo da qual completou diversos cursos de formação e desempenhou inúmeros cargos de responsabilidade: professor do 2º Ciclo do Ensino Básico até ao Ensino Secundário e Superior – de 1974 a 2013, desde cedo manifestou apetência pela formação de professores, tendo sido Orientador Pedagógico de Português, Orientador de Estágio e Diretor do Centro de Formação Francisco de Holanda, de 1995 a 2013.
Autor de inúmeros artigos em revista e em livro no âmbito da formação e da educação, desempenha atualmente as funções de Coorientador de Teses de Mestrado em Administração e Gestão Escolar, na Universidade Portucalense, e, também desde 2013, Consultor da Universidade Católica para os Territórios Educativos de Intervenção Prioritária.
A sua visão ampla das componentes formativas que entende deverem ser adquiridas pelos professores incluem a dimensão da intervenção sociocultural como fator integrador que enriquece as vivências e conduz à partilha e ao trabalho colaborativo. Em resultado desta convicção, fundou, em 2002, Osmusiké – Associação Musical e Artística do Centro de Formação Francisco de Holanda, a cuja Direção ainda hoje preside, uma associação que, pelo seu dinamismo, rapidamente se assumiu como um dos mais relevantes atores associativos do Município, primeiro com o seu grupo musical, depois com o grupo teatral e, mais recentemente, na área da edição, com a publicação periódica dos Cadernos d’ Osmusiké, que dirige.
Formado inicialmente por professores, aos quais se foram juntando outros profissionais e interessados, Osmusiké são o reflexo do seu fundador Jorge Nascimento: com múltiplos interesses e intervenções, assumem-se como dinamizadores e interventores culturais, vocacionados para a vivificação, conhecimento e atualização do património material e imaterial de Guimarães, num ambiente contagiante de generosidade, alegria e partilha de conhecimentos e saberes.
Medalha Municipal de Mérito Humanitário
Ernesto Soares
Nascido em 1957, em Vieira do Minho, Ernesto Soares dedicou mais de 47 anos, de bons e efetivos serviços, aos Bombeiros Portugueses.
Alistado no Corpo de Bombeiros de Caldas das Taipas desde agosto de 1973, ali foi percorrendo os sucessivos graus da carreira, desde bombeiro de 3ª, passando por Subchefe, Chefe, Ajudante do Comando e 2º Comandante, assumindo em diversos períodos as funções de Comandante em regime de substituição, o último dos quais em 2021 e 2022.
Detentor de vários Louvores, a coragem, extrema dedicação e espírito humanitário com que se dedicou à sua missão de bombeiro granjearam-lhe o reconhecimento generalizado entre os seus pares.
Foi condecorado, pela Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários das Caldas das Taipas, com a Placa de Honra, com as Medalhas de Bons Serviços e de Assiduidade graus Cobre, Prata e Ouro e com a Medalha do Centenário daquela Corporação.
Por sua vez, a Liga dos Bombeiros Portugueses conferiu-lhe o Crachá de Ouro de Cidadania e Mérito, a Medalha Dedicação Grau Ouro, as Medalhas da Assiduidade graus Cobre, Prata e Ouro e a Medalha dos Congressos da Liga dos Bombeiros Portugueses.
Após toda uma vida de abnegada dedicação ao próximo, feita de competência, responsabilidade e compromisso, abandonou o ativo em 2022, aguardando-se para breve a sua merecida passagem ao Quadro de Honra.
Medalha Municipal de Mérito Artístico
Vasco Silva de Faria
Nascido em 1978, em Guimarães, Vasco Silva de Faria é trompetista, professor, maestro e diretor artístico. Foi-lhe conferido o Grau de Doutor em Música e Musicologia – variante Interpretação pela Universidade de Évora e o Grau de Mestre em Estudos da Criança – Educação Musical pela Universidade do Minho, com Distinção.
Atualmente frequenta o curso de investigação conducente ao Grau de Mestre em Ensino de Música na Universidade Católica.
A sua formação musical começou na mais tenra idade, por influência do Pai, Sidónio de Faria, que tinha formação musical e era também um melómano, para além de amigo de músicos da Banda Musical de Pevidém a quem pedia que ensinassem o jovem Vasco.
Não surpreende, portanto, o seu ingresso naquela reputada Banda Musical, onde teve como primeiro maestro e mestre o professor Francisco Ribeiro.
Durante a sua formação, os seus méritos e talento permitiram-lhe aceder a várias bolsas de estudos e de mérito da Fundação Calouste Gulbenkian, e da Radio e Televisão Portuguesa (RTP), no Prémio Jovens Músicos, nas categorias de Música de Câmara, em 1994 e Solista – nível superior, em 1999.
Primeiro trompete na Orquestra da Universidade do Minho desde 2007, tem no curriculum diversas atuações como solista em Portugal, Espanha, Suíça e Alemanha.
Para além do seu instrumento, as outras paixões inescapáveis de Vasco Silva de Faria são a de Professor e a de Maestro ou diretor de grandes formações.
Atualmente Diretor Artístico da Sociedade Musical de Pevidém, é maestro da Banda Musical de Pevidém e da Orquestra Juvenil de Pevidém – da qual foi também fundador – e diretor artístico e maestro do Orfeão da Coelima, uma vez que, no seu entender, o trabalho nas instituições culturais locais constitui um dever cívico imposto por aquilo que sente como sua responsabilidade social e cultural.
Na vertente letiva, é Professor na Universidade do Minho, na Universidade de Aveiro e no Conservatório de Guimarães, para além de ser também Diretor Pedagógico da Academia de Música Comendador Albano Abreu Coelho Lima, em Pevidém.
Dos vários concertos em que atuou em ocasiões especiais, destacam-se o da inauguração da Casa da Música em 2005, o concerto inaugural do Teatro Viriato, em 1999, a estreia mundial do concerto para trompete e orquestra de cordas do compositor Sérgio Azevedo, ou o concerto principal do Festival de Paredes de Coura em 2013. Com a Banda Musical de Pevidém, com a Orquestra Juvenil de Pevidém e com o Orfeão Coelima, ficaram na memória de todos o Concerto de Abertura da Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura, o Cinema em Concerto, igualmente no âmbito da programação de Guimarães 2012 CEC, o Concerto de Abertura do 25º Guimarães Jazz e as várias edições do Concerto Sons da Liberdade, nas quais tem a oportunidade de traduzir em trabalho e emoção a sua forma de estar na música e que o próprio Vasco Silva de Faria sintetiza desta forma: “Encaro as minhas funções com espírito de missão e com sentido de integridade, solidariedade e humanismo. É um prazer e um privilégio partilhar os meus conhecimentos com alunos de várias idades, fazer o que gosto e o que sempre me imaginei a fazer”.