Hoje é dia de pendurar ramos de maias nas portas e janelas
Até à meia-noite de hoje, é da tradição colocar maias pelas entradas da casa para afastar o mal, ou o “carrapato”. Esta espécie de giesta espontânea encontra-se nos montes e na berma dos caminhos, e está ligada aos desejos de fertilidade e abundância como mostram os antigos provérbios.
Manda a tradição que hoje se vá colher um ramo de maias ao monte ou à berma do caminho para a colocar nas portas ou janelas de casa, antes da meia-noite, para afastar o carrapato – que representa o mal em geral. Pôr ramos de maias ou giesteira-das-vassouras (Cytisus scoparius) nas entradas da casa é uma tradição antiga que se exprime de formas diferentes pelo nosso país, sendo este costume de pendurar raminhos para afastar o carrapato na viragem de abril para maio mais caraterística das regiões do Norte. Contudo, o começo do mês de maio é celebrado de várias formas, com ou sem as flores amarelas que acabam de florir, e será uma tradição pagã que se fundiu com o cristianismo, como muitas outras. As giestas estão ligadas aos episódios em redor do nascimento de Jesus, por exemplo.
Segundo o agrónomo Luís Alves, do Cantinho das Aromáticas, este ritual “será também uma forma de iniciar o mês de Maio celebrando a fertilidade e a abundância da natureza que nos rodeia e um alerta para a importância de a respeitarmos e aprendermos que fazemos parte do todo e não estamos nunca acima dele”. Em certas regiões, as maias espalham-se ainda pelos carros de bois e pelos automóveis e todos os lugares para onde se deseja abundância… e dos quais se quer manter o azar e o infortúnio bem longe.
Luís Alves apresenta ainda uma lista de provérbios relativos ao fértil mês de maio, para ele “o mês mais bonito do ano”.
PROVÉRBIOS DE MAIO
A melhor cepa, Maio a deita.
A velha, em Maio, come castanhas ao borralho.
Em Maio, a chuvinha de Ascensão dá palhinhas e dá pão.
Em Maio, a quem não tem, basta-lhe o saio.
Em Maio, até a unha do gado faz estrume.
Em Maio ainda os bois estão oito dias ao ramalho.
Em Maio de calor, a todo o ano dá valor.
Em Maio deixa a mosca o boi e toma o asno.
Em Maio espetam-se as rocas e sacham-se as hortas.
Em Maio, nem à porta de casa saio.
Mês de Maio, mês de flores, mês de Maria, mês dos amores.
Em Maio, passarinho em raio.
Em Maio verás a água com que regarás.
Maio chuvoso, ano formoso.
Maio claro e ventoso, faz ano rendoso.
Maio hortelão, muita palha e pouco grão.
Maio jardineiro, enche o celeiro.
Maio o deu, Maio o leva.
Maio pequenino, de flores enfeitadinho.
Quando em Maio arrulha a perdiz, ano feliz.
Quem em Maio relva não tem pão nem erva.
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