Horta Pedagógica da Escola Superior Agrária do Politécnico de Viana do Castelo é candidata a concurso nacional
A horta pedagógica da Escola Superior Agrária (ESA) do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) é candidata ao Concurso Nacional de Hortas Pedagógicas, promovido no âmbito do projeto “Tá na Horta”, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA). Apesar da Horta Pedagógica ser um projeto “muito recente”, a coordenadora do Programa Eco-Escolas da ESA-IPVC garante que o feedback dos envolvidos “tem sido bastante positivo, sendo unânime o interesse em participar nas atividades extracurriculares, que se focam em temas ligados à alimentação e à agricultura sustentável”. Agora é aguardar, confidenciou Gabriela Dias, que a Horta Pedagógica da ESA-IPVC “esteja entre as vencedoras” do concurso nacional para ajudar a alavancar alguns dos projetos que estão delineados, como são o caso da criação do bosquete de plantas autóctones, da produção de flores comestíveis ou da vermicompostagem.
O Concurso Nacional de Hortas Pedagógicas é dirigido às escolas de diferentes níveis de ensino, incluindo o ensino superior e visa incentivar a criação, requalificação e dinamização de hortas escolares, incrementando, simultaneamente, o interesse pela alimentação saudável e pelo consumo sustentável. “As instituições de ensino superior desempenham hoje um papel central na promoção dos princípios e práticas da sustentabilidade e este tipo de projeto é, sem dúvida alguma, muito importantes para cultivar atitudes e comportamentos pró-ambientais. As hortas, no contexto do ensino superior, têm o potencial de contribuir decisivamente para aproximar a comunidade académica dos objetivos de desenvolvimento sustentável em múltiplas vertentes”, defendeu a coordenadora do Programa Eco-Escolas da ESA-IPVC, admitindo que a horta pedagógica “procura encorajar a comunidade académica à prática da agricultura biológica e jardinagem e ainda comprometê-la na construção de um campus mais sustentável”.
Ainda nas palavras da coordenadora do programa esta “é uma estratégia capaz de gerar mudanças na cultura da comunidade, no que se refere à alimentação, à nutrição, à saúde e à qualidade de vida de todos”. A Horta Pedagógica da ESA-IPVC, assumiu Gabriela Dias, “é uma oportunidade para promover a tão desejada mudança de mentalidades, que se refletirá em atitudes diferenciadas e mais responsáveis em relação ao dever de todos no que se refere à proteção do Planeta”.
A decisão de criação da Horta Pedagógica é relativamente recente e surgiu no âmbito do Programa Eco-Escolas da ESA-IPVC, no ano letivo de 2020-2021. A horta é atualmente dinamizada pela comunidade académica, incluindo docentes, funcionários e alunos dos diferentes cursos ministrados na escola. “O projeto tem atraído tanto pessoas que têm habitualmente pouco contacto com a horticultura, como também outras mais envolvidas neste tipo de atividades, mas que nele encontram interesse pelos temas abordados e experiência de contacto com novas formas de produzir alimentos (hortas em canteiros sobrelevados, hortas verticais ou em coberturas ajardinadas)”, contou.
Os alunos, assegurou Gabriela Dias, “têm assumido a tarefa com grande empenho e entusiasmo, mas o envolvimento do corpo docente e não docente é também essencial para a continuidade do projeto”. Os resultados mostram que “o interesse dos alunos está fortemente relacionado com a componente prática associada, mas também com as oportunidades de convívio entre alunos de todos os cursos e anos curriculares”, explicou a coordenadora, sugerindo que este tipo de projeto nos campus dos estabelecimentos de ensino superior politécnico possa ser dinamizado para atrair cada vez mais alunos.
Projeto tem também dimensão social
A Horta Pedagógica da ESA-IPVC “é um espaço de experimentação, um laboratório ao ar livre, uma ferramenta por excelência para educar as gerações futuras para a importância da preservação do ambiente e, em particular, da produção agrícola e alimentar sustentável”, defendeu Gabriela Dias, garantindo ainda que “cria oportunidades de desenvolvimento de atividades extracurriculares no quadro da educação para a sustentabilidade, que se desenvolvem de uma forma informal e em regime de voluntariado”.
Este projeto tem ainda uma dimensão social, “fomentando a troca de experiências e a interação entre todos que pertencem a esta comunidade académica, incluindo alunos, professores e funcionários”. A Horta Pedagógica pretende assim ser um “espaço de convívio e lazer, onde todos podem relaxar do stress acumulado do estudo e /ou trabalho”, assegurou Gabriela Dias.
Apesar do pouco tempo de existência, já foram realizadas diversas atividades no âmbito da Horta Pedagógica. Numa primeira ação foram criados canteiros sobrelevados de diferentes alturas para assegurar as atividades agrícolas a pessoas com mobilidade reduzida e crianças, já que também se prevê desenvolver ações no âmbito das atividades da Academia Júnior IPVC (campos de férias dedicados aos filhos dos funcionários da instituição). Foi ainda realizado um workshop dedicado à problemática da perda da biodiversidade, com particular atenção dos insetos polinizadores. Este workshop incluiu a componente prática de construção do “hotel para insetos”, o qual foi posteriormente instalado no espaço da horta.
Já o Workshop “Jardins verticais para comer!”, uma ação hands-on integrada no Projeto SEIVA (Fundo Ambiental), privilegiou as plantas aromáticas, medicinais e condimentícias. A atividade contou a montagem de uma horta vertical, alargando assim as valências do espaço da Horta Pedagógica da ESA-IPVC (inclui um sistema de rega gota-a-gota de forma a garantir o uso sustentável da água).
De forma a promover a efetiva sustentabilidade deste campus e tornar esta horta um local de demonstração de boas práticas, “há ainda muito a concretizar”. O espaço reúne “potencial para outras atividades” que se pretendem desenvolver no futuro, por isso, está já em curso a instalação de uma unidade demonstrativa de hortas em coberturas de edifícios.
A relocalização do compostor que se encontra no jardim da escola para a área da horta, facilitando a prática de compostagem e criação de condições para outras experiências como a vermicompostagem; a realização de análises de solo de forma a conhecer as suas caraterísticas físico-químicas; o estabelecimento de um plano de rotação de culturas, a instalação de um charco temporário e o aumento das estruturas que fomentem a biodiversidade, nomeadamente comedouros para aves, sebes com plantas autóctones nos limites da horta, para além do hotel de insetos já instalado, são alguns dos projetos que podem ser desenvolvidos no futuro.
Mas há mais. Espera-se ainda que seja possível criar um bosquete de plantas autóctones, produzir flores comestíveis, fazer ensaio de conservação e multiplicação de sementes regionais (como é o caso do feijão tarrestre) e criar um regulamento para assegurar o melhor uso da horta, a aprovar em Conselho Eco-Escolas.