Investigadores da UMinho premiados pela Academia Portuguesa de História
Os investigadores Marta Lobo de Araújo e José Manuel Lopes Cordeiro, da Universidade do Minho, são laureados esta quarta-feira pela Academia Portuguesa de História, respetivamente com o “Prémio Fundação Eng. António de Almeida – Joaquim Veríssimo Serrão” e “Prémio Lusitania”. A cerimónia é às 15h00, na sede daquela Academia, no Palácio dos Lilases, Lisboa.
Marta Lobo foi distinguida pelo livro “Os usos da riqueza e do poder: Pedro de Aguiar e Maria Vieira na Misericórdia e na cidade de Braga (século XVII)”. A obra mostra aquele casal de mercadores desde a construção da sua riqueza até ao uso que dela fizeram e à sua ascensão social. Destaca ainda o exercício da caridade (sobretudo em doentes e mulheres), o universo mental de uma Igreja controladora e a vida da cidade e seus habitantes e instituições. A edição de 362 páginas é publicada pela Húmus e pela Misericórdia de Braga. “Estou feliz pelo prémio, pois reconhece a análise e a reflexão efetuadas, suportadas numa investigação séria e criteriosa”, frisa.
José Lopes Cordeiro foi galardoado por “1820. Revolução Liberal do Porto”. É o seu terceiro troféu em 2021 com o livro, após ser eleito o melhor do ano em história contemporânea pelo blogue Almanaque Republicano e merecer o Prémio do Grémio Literário de Lisboa. “É uma honra ter as distinções, que reconhecem a qualidade do livro e a investigação que o suporta”, diz. O autor parte da exposição que organizou em 2020. Esta edição do Município do Porto tem 536 páginas, 202 ilustrações (muitas inéditas) e novas revelações sobre a primeira tentativa de implantação do liberalismo em Portugal. Por exemplo, a ata camarária a aprovar a constituição da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino, inaugurando um novo regime, tem o texto coberto com tinta preta, uma ação dos partidários de D. Miguel após a reviravolta absolutista.
Notas biográficas
Marta Lobo é professora associada com agregação e diretora do Departamento de História do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da UMinho, além de investigadora do Laboratório de Paisagens, Património e Território e do Centro de História Religiosa. É ainda membro da Academia Portuguesa da História. Doutorada em História Moderna e Contemporânea pela UMinho, liderou e participou em projetos científicos em vários países. Publicou 16 livros e mais de duas centenas de artigos e capítulos de livros no país e no estrangeiro, em especial sobre História social e religiosa. Recebeu o Prémio PM Laranjo Coelho, da Academia Portuguesa da História, com a obra “Oração, Penitência e Trabalho: o Recolhimento de Santa Maria Madalena e São Gonçalo de Braga (1720-1834)”, o Prémio Américo Lopes de Oliveira, do Município de Fafe, pela obra “Filha casada, filha arrumada: a distribuição de dotes da confraria de S. Vicente de Braga (1750-1870)” e a Medalha de Mérito Municipal de Braga – Grau Prata, entre outras.
O portuense José Lopes Cordeiro doutorou-se em História – Idade Contemporânea pela UMinho, na qual é professor aposentado do ICS e investigador do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais. É presidente da Associação Portuguesa para o Património Industrial, diretor do Museu da Indústria Têxtil da Bacia do Ave, diretor da revista “Arqueologia Industrial” e integra a direção do Comité Internacional para a Conservação do Património Industrial, órgão consultor da UNESCO. Foi diretor do Museu da Ciência e Indústria do Porto, representante nacional no projeto do Conselho da Europa “Itinerários Culturais Europeus: Rotas do Têxtil” e colaborou no “Dicionário de História de Portugal”, entre outros. Soma dez livros e mais de 50 artigos científicos sobre História política e arqueologia industrial.
A Academia Portuguesa da História é uma instituição de utilidade pública fundada em 1938 que reúne especialistas dedicados à reconstituição documental e crítica do passado, materializada na organização de eventos e publicações, sobretudo fontes e obras com rigor científico que facilitem aos portugueses o conhecimento da sua História. Esta Academia distingue, com apoio de mecenas, o mérito de obras historiográficas publicadas a cada ano.