Licínio Lima na Academia das Ciências de Lisboa
O professor catedrático Licínio Lima, do Instituto de Educação da Universidade do Minho, foi eleito sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa (ACL). A cerimónia da sua adesão à classe de Letras – secção Filosofia, Psicologia e Ciências da Educação decorreu no salão nobre da ACL. Criada em 1779, esta prestigiada instituição tem mais de 400 sócios, quase metade estrangeiros, nas classes de Ciências e de Letras. Da UMinho estão também Acílio Estanqueiro Rocha, Cecília Leão, José Manuel Mendes, Nuno Peres e Vítor Aguiar e Silva.
Licínio Lima é uma referência nos estudos sobre em administração educacional e políticas da educação. Passou a menoridade em Viana do Castelo e vive em Braga. Fez o seu percurso académico na UMinho, onde leciona há 42 anos, sendo professor do Departamento de Ciências Sociais da Educação e investigador do Centro de Investigação em Educação (CIEd). Na UMinho, foi ainda presidente da Unidade de Educação de Adultos, vice-presidente do Conselho Cultural, diretor do Centro de Investigação do Instituto de Educação e Psicologia, diretor do Departamento de Sociologia da Educação e Administração Educacional e diretor de diversos cursos.
É professor visitante na Universidade de Milão-Bicocca (Itália), além de professor convidado na Universidade Julius-Maximilians (Alemanha) e em diversas universidades do Brasil. Publicou uma centena de artigos em revistas científicas, meia centena de capítulos de livros e mais de três dezenas de livros, tendo ainda orientado mais de 60 teses de doutoramento e mestrado. Soma várias distinções, como o Prémio Rui Grácio, da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação e Fundação Calouste Gulbenkian, pela sua tese doutoral sobre a organização e participação da escola secundária em Portugal.
Democratizar o governo das escolas
Licínio Lima defende que boa parte da missão republicana na educação “só pode ser realizada quando democratizarmos a sério o governo das escolas públicas, as quais têm uma autonomia retórica”. A sua reflexão centra-se desde o 1º ciclo do básico ao secundário, mas evoca ainda a autonomia do ensino superior, “sitiada por vários instrumentos de regulação (trans)nacional”. Por outro lado, afirma que os políticos em Portugal vivem um novo pedagogismo, insistindo na crença positivista e hiperbólica de que a educação resolve todos os problemas da sociedade.
A educação, diz, assume assim uma missão instrumental, que visa nomeadamente a mão-de-obra-qualificada, refém da agenda pragmática do capitalismo, desprezando a constituição do cidadão participativo e culto. “Sou um grande crítico das derivas economicistas e tecnocráticas, porque nunca tivemos como hoje uma população jovem tão habilitada e longamente escolarizada em oito séculos de História e, no entanto, temos tido bastante desemprego entre os jovens diplomados”, clarifica.