O Massacre Português de Wiriamu – Que sabemos nós, afinal?
O Massacre Português de Wiriamu, Moçambique, 1972 por Mustafah Dhada.
Com prefácio de Boaventura de Sousa Santos e tradução de Susana Sousa e Silva, as Edições Tinta da China publicaram em Outubro de 2016, o resultado de uma longa investigação levada a cabo por Mustafah Dhada sobre o massacre em Wiriamu perpetuado pelos militares portugueses em 1972, já na reta final da guerra colonial.
Pergunto-me repetidamente: Que sabemos nós, afinal? Os que escutam, os que afagaram um pesadelo, os que não têm coragem de perguntar por um passado em raros casos bem resolvido?
O autor percorreu as aldeias do régulo onde se insere Wiriamu, escutou os poucos sobreviventes, alguns dos que se prestaram a dar a cara por um ato que Portugal tentou esconder, nos anos finais da então ainda vigente ditadura.
Com os percalços inerentes a qualquer investigação onde se enfrentam fantasmas e medos, o autor conseguiu compilar testemunhos que nos fazem questionar. Que sabemos nós?
Vieira do Minho viu partir muitos jovens para um combate além-mar, alguns talvez ainda hoje não verdadeiramente regressados na resolução do conflito nas suas mentes, ou da culpa, ou da fatalidade de uma decisão não totalmente livre.
Gerações destes combatentes envelhecem agora, na vida e nas memórias. Será a nossa presente geração, livre e felizmente em paz, capaz de digerir e compreender um passado sangrento?
Deixo aqui a sugestão de uma leitura. Pesada, é certo, mas julgo que vale sempre a pena querermos saber mais, alargar horizontes e quebrar ideias pré concebidas.
Que sabemos nós?