Morreu o jornalista Max Stahl que documentou o massacre no cemitério de Santa Cruz, em Timor-Leste
O jornalista Christopher Wenner, mais conhecido como Max Stahl, morreu esta quarta-feira, avança José Ramos-Horta, ex-Presidente da República Democrática de Timor-Leste, na sua página de Facebook.
Max Stahl tinha 67 anos e nasceu a 6 de dezembro de 1954 no Reino Unido. O seu nome tornou-se essencial na história de Timor-Leste depois de, em 1991, ter documentado o massacre no cemitério de Santa Cruz, em Díli.
“Disfarçado de turista”, Stahl entrou no território, para filmar um documentário para uma televisão independente inglesa. Entrevistou vários líderes da resistência e, depois de sair por causa do visto, acabou por regressar, entrando por terra, acabando, a 12 de novembro desse ano por filmar o massacre de Santa Cruz.
Em 2019, o jornalista foi sujeito a uma intervenção cirúrgica em Londres, onde estava em tratamento médico. Em dezembro do mesmo ano, o Parlamento Nacional deliberou, por unanimidade, atribuir-lhe a nacionalidade timorense, em reconhecimento pelo seu papel na luta pela libertação de Timor-Leste.
Segundo a Unesco, Timor-Leste é a primeira nação na história a alcançar a sua independência através do poder das imagens audiovisuais que chegaram à comunidade internacional. Essas imagens de luta popular, bravura e compromisso pacífico inspiraram as pessoas em todo o mundo a participar numa intervenção internacional para promover uma nova nação.
Christopher Wenner, mais conhecido como Max Stahl, nasceu a 6 de dezembro de 1954 no Reino Unido. É jornalista e repórter de guerra.
Em 1991 vai para Timor onde vive e documenta um dos momentos mais dramáticos do país: o massacre no cemitério de Santa Cruz, em Díli. As imagens do massacre correram o mundo e mudaram para sempre a história do país.
Em 1999 regressa a Timor, e é nessa altura que adota o nome de Max Stahl, por razões de segurança. No ano seguinte, recebe o Rory Peck Award, um prémio atribuído a operadores de câmara freelancer que colocam a vida em risco em reportagem. Este foi apenas um dos muitos prémios que lhe foram concedidos devido ao seu trabalho em zonas de conflito (Balcãs, El Salvador, entre outros).
Max Stahl criou, em Timor, o Centro Audiovisual Max Stahl em Timor-Leste (CAMSTL) onde guarda os seus arquivos com as imagens que tem vindo a captar ao longo dos últimos 25 anos. Esse arquivo, num total de 5 mil horas de vídeo, foi considerado pela UNESCO como Registo da Memória do Mundo e está agora a ser objeto de um trabalho de preservação e divulgação, para fins de ensino e investigação acerca da história de Timor, no âmbito do protocolo de cooperação estabelecido entre a Universidade de Coimbra, a Universidade Nacional de Timor Leste e o CAMSTL.
Em dezembro de 2016, Max Stahl apresentou o seu documentário inédito “A Língua, A Luta, A Nação” elaborado com o apoio da UC e mostrado ao público pela primeira vez no Teatro Académico de Gil Vicente durante o evento “Timor: imagens e palavras que mudaram o mundo”.
O evento “Timor: imagens e palavras que mudaram o mundo” foi uma iniciativa da Universidade de Coimbra que evocou os 25 anos do massacre de Santa Cruz, dado a conhecer ao mundo pelas filmagens de Max Stahl, e os 20 anos do Nobel da Paz atribuído a Ximenes Belo e José Ramos-Horta. A iniciativa serviu ainda como uma homenagem a Max Stahl, Ximenes Belo e José Ramos-Horta.