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No final, não se festejou vitória. Festejaram-se valores.

Se a semana passada falei de vida, esta semana falarei de indignidade… de falta de caráter… de gentinha que ainda se mantém como governante do País onde vivo…

 

Conforme muitos de nós pedíamos, não aconteceu o milagre ao Alfredo Quintana. E Alfredo Quintana partiu com 32 anos, cheio de títulos, cheio de sonhos e cheio de vida. Um deles, e o mais importante, seguramente, seria acompanhar o crescimento da sua filha de dois anos, que por agora encontrará muitos padrinhos. Que muitos não a esquecerão e acompanharão. Mas também que muitos se esquecerão pela dinâmica da vida… Muitas vezes não porque efetivamente esqueceram, mas porque a vida de hoje não dá tempo para refletir no que realmente é importante.

 
 

Mas há quem tenha de se preocupar com o que de mais importante acontece na sociedade portuguesa, no seu caso na área do desporto e que para além de ser uma completa nulidade na área que supostamente teria de governar, demonstra que pertence à pior escória existente na política portuguesa.

João Paulo Rebelo de seu nome e secretário de estado do desporto.

 
 

Este senhor, apesar de pago por todos os contribuintes portugueses, foi capaz de ignorar a morte de Alfredo Quintana, um jovem de 32 anos que se encontrava entre os 5 melhores guarda redes do mundo de andebol, um homem com 72 internacionalizações pela Seleção A de Portugal, com 10 golos, apesar de guarda redes.

Um Governante que é capaz de ignorar a morte e as circunstâncias particularmente difíceis em que tal morte aconteceu, que não é capaz de enviar uma só mensagem ao clube e aos múltiplos colegas de equipa e de seleção que ainda nem há menos de um mês estiveram no Mundial do Egipto, nas circunstâncias difíceis e surreais a que assistimos, a representar portuguesa é demasiado grave para se poder deixar passar em claro.

 

A morte de qualquer papagaio em Portugal merece honras de estado em Portugal. No entanto, o governo Português ignorou completamente a morte de um dos seus maiores representantes mundiais na área do desporto, atleta que, ainda para mais, havia escolhido Portugal para viver, que era um homem com H grande e cujos valores humanos se encontravam acima da média.

E talvez esteja aqui o motivo pelo qual o Governo e em concreto o Secretário de Estado do Desporto fizeram de conta que nada se passou em Portugal, nomeadamente na área do desporto.

 

Refletindo bem, uma qualquer mensagem para a família de Alfredo Quintana, para o seu colega e seus amigos, vindo de um escroque com esta forma de estar na vida, apenas insultaria quem sempre esteve na vida com coluna vertebral, quem sempre lutou honestamente para subir na vida, quem sempre teve mérito nos reconhecimentos que granjeou por tudo aquilo que fez e cujo legado será sempre lembrado.

Mas deixarei este lixo de gente para trás e falarei agora de verdadeiros homens, de verdadeiros guerreiros, de pessoas dignas e com uma capacidade de superação pelo seu colega de profissão, mas principalmente pelo homem Alfredo Quintana.

 

Os colegas de Alfredo Quintana jogaram na passada semana o seu primeiro jogo após o trágico acontecimento e aquilo a que assistimos em campo, deveria ser demonstrado a todos os jovens portugueses e todos nós deveríamos ver este jogo pelo menos uma vez por ano.

Não aconteceu um jogo de andebol. Aconteceu tudo aquilo que a vida nos ensinou que deveremos fazer de bem para com o próximo.

Partilhei no meu Facebook a homenagem a Alfredo Quintana realizada naquele jogo que, note-se, apesar de ser no Dragão, tinha o FC Porto como visitante.

Mas em primeiro lugar, deixem-me destacar a mensagem do adversário nas redes sociais, o Elverum Handball:

Impressionante, não é? Sem mais qualquer comentário e a devida vénia.

E logo depois os colegas de equipa e demais staff do FC Porto. Representavam eles quem, naquele momento?

Nas lágrimas de Rui Silva, no pensamento de António Areia, no olhar de Salinas, na dor de Iturriza e no silêncio de um pavilhão, onde tocava uma música que acompanhou a voz de Alfredo Quintana, estava toda uma comunidade. Estava a família do Alfredo Quintana, estavam os jogadores, estrutura técnica e diretiva, estavam os adeptos do Porto, os adeptos do andebol, mas também os adeptos, dirigentes e jogadores do Benfica, do Sporting, do ABC, do Águas Santas, do Xico de Holanda e de todos quantos entendem que encontramos solução para tudo na vida, menos para a morte, muito menos para uma morte destas.

As imagens de apoio, amizade e solidariedade entre pares:

O jogo foi um jogo de valores. Os valores mais altos em que uma sociedade se pode e deve rever. Ontem o emblema preponderante era uma imagem de Alfredo Quintana que se encontrava nas camisolas dos jogadores do FC Porto, imagem essa que António Areia beijava religiosamente sempre que marcava um golo.

No final, não se festejou vitória. Festejou-se amizade, solidariedade, companheirismo, saudade e também esforço em tentar seguir em frente. Festejaram-se valores…

A imagem final é esta…

E o regresso ao balneário foi assim…

Enquanto a flash interview de um treinador que acabava de consumar um dos grandes marcos de uma equipa Portuguesa na maior competição de clubes de andebol do mundo era assim…

Na verdade, a lição que assisti ontem na televisão também me tirou uma lágrima do olho…

Também eu estava naquele jogo. Também eu queria estar ali presente e fiz-me representar em todos eles…

Ontem vimos muito dos valores que deveriam nortear a nossa sociedade, em apenas hora e meia. Estávamos lá todos que se revêm nesses valores.

A família do andebol, essa então, toda… Uma família que deu uma lição ao mundo.

E daí a minha vénia.

O resultado? A lição de valores que nos deram não dependia do resultado. Dependia de caráter, de personalidade, de querer…

E esse resultado foi uma autêntica goleada.

Por ele e com ele.

Obrigado Alfredo Quintana. Aí junto do meu Pai, já podes ver que a tua morte não foi em vão.

Até sempre…

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