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O Futuro Incerto das Minas da Borralha

A aldeia da Borralha vive dias de sobressalto devido à possível construção de uma mina a céu aberto nesta localidade, conforme o aviso nº4052/2021 de 4 de março, que o Governo publicou em Diário da Republica, que diz respeito à celebração do contrato de concessão de exploração, denominado «BORRALHA», no concelho de Montalegre.

 

A aldeia das Minas da Borralha faz parte da freguesia de Salto, concelho de Montalegre, e foi durante várias décadas o principal pólo empregador e populacional de Montalegre, devido á mina de volfrâmio que aí funcionou de 1902 a 1986 chegando a albergar cerca de 5.000 pessoas.

 
 

Esta área é Património Agrícola Mundial e reserva da biosfera e com a possível abertura desta mina a céu aberto existem também possíveis consequências a nível da saúde, da perda de terrenos, subsídios agrícolas, a contaminação dos sistemas hidrogeológicos locais, do Rio Borralha, afluente do rio Rabagão, que desagua na Barragem da Venda Nova principal captação de água das Aguas do Norte que abastece milhares de pessoas.

A VMTV tentou falar com várias entidades ligadas indiretamente a este assunto, nomeadamente a CIM do Ave, que não respondeu ao nosso email, a CIM do Cávado através do seu Primeiro Secretário Executivo desta Comunidade, Rafael Amorim, remeteu explicações para a APA e as Águas do Norte, consideram que neste momento e com os dados que possui, ainda é prematuro tecer considerações relativas ao projeto em questão.

 
 

Depois de anos de abandono, o Município de Montalegre deu início à recuperação do património das Minas da Borralha, onde já investiu mais de dois milhões de euros, e em julho de 2015 abriu um núcleo do Ecomuseu de Barroso O “Centro Interpretativo das Minas da Borralha” com várias valências e onde se encontra um grande espólio documental, relacionado com todas as atividades dirigidas pelas minas.

No verão de 2020, o centro interpretativo recebeu 2.855 visitantes.

 

A VMTV, solicitou uma entrevista ao presidente do município de Montalegre ,Orlando Alves, remetendo-nos para o seguinte email :
“Agradeço contacto e informo não poder participar do vosso trabalho jornalístico porquanto não tenho quaisquer conhecimentos acerca da natureza e características do designado priojecto que está na fase de estudo e assim permanecerá nos próximos 2/3 anos e que vai ser a base de construção do Estudo de Impacto Ambiental e Plano de Lavra a partir dos quais se terá percepção do que possa estar em causa e consequente discussão pública.

De momento servirão este tipo de intervenções jornalísticas para desinformação e alarme social. E para isso, compreenderão, eu, simplesmente, não estou.

 

Bom trabalho”

Junto ao ‘stockwerk’, uma enorme estrutura de ferro e um dos exemplos do património abandonado, o presidente da Junta de Salto, Alberto Fernandes, em declarações recentes à agência Lusa disse que se trata de um dos “últimos locais explorados” nas Minas da Borralha.

 

“É aqui que está programado iniciar os trabalhos”, afirmou.

O autarca defendeu que o retomar da exploração pode “ser algo de importante para a freguesia, pode criar alguns postos de trabalho, pode desenvolver o comércio e toda a atividade económica à volta das minas”.

“Agora, esperamos que a exploração também não venha criar outros problemas, como de ambiente (…) Se for com regras e com segurança não temos nada contra”, afirmou.

Tentamos por diversas vezes gravar entrevista com Alberto Fernandes, presidente da Junta de Salto, mas mostrou-se sempre indisponível para estar com a nossa reportagem.

A atividade mineira poderá ser retomada na Borralha, através de um projeto da empresa Minerália, à qual pedimos uma entrevista ao seu representante, Adriano Barros para explicar em primeira mão o projeto e as suas consequências.

Segundo a Minerália:
“A desinformação, que pode provocar desconforto na população local é um ato irresponsável.”
è uma das frases que consta num comunicado que esta empresa enviou à população da Borralha um dia depois da nossa reportagem ter estado no local, no entanto esta mesma empresa recusou-se prestar declarações e informar de forma clara sobre o projeto da mina em questão.

De referir que o Ministro do Ambiente e da Transição Energética João Pedro Matos Fernandes e o Secretário de Estado da Energia João Galamba não responderam aos nossos email a solicitar um comentário a esta situação.

O pedido de concessão da exploração destes depósitos minerais correspondem a uma área de aproximadamente 56 Km2, cerca de 2409 hectares, situados entre os concelhos de Montalegre e Vieira do Minho.

Por parte do Município de Vieira do Minho, a oposição á concessão de exploração de depósitos minerais no seu território é total, no entanto este município quer seja direta ou indiretamente vai receber no seu território e nos seus recursos hídricos os malefícios de uma exploração desta natureza.

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