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Professor da Universidade do Minho lança livro sobre Alfredo Guisado, que levou a Galiza a Pessoa

Cofundou o modernismo português ao lado de nomes como Fernando Pessoa ou Almada Negreiros e foi o primeiro deputado luso-galego na Assembleia da República e codiretor do diário “República”. A vida e obra do “injustamente esquecido” Alfredo Guisado (1891-1975) é apresentada esta sexta-feira, às 19h00, no auditório de Ponteareas, em Pontevedra, Galiza. O mote é o lançamento do livro “Alfredo Guisado. Xente d’a Aldea e outros textos das orixes”, de Carlos Pazos-Justo, professor do Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho. A sessão faz parte do festival cultural luso-galego “Convergências”.

 

O volume de 230 páginas surge a convite do município de Ponteareas, terra natal dos pais de Guisado, e evoca o centenário do seu livro “Xente d’a Aldea. Versos Galegos”, publicado em Lisboa. A presente obra traz esses versos e também textos literários e de intervenção daquele autor, entre outros. A publicação visa o público em geral e inclui meia centena de imagens pessoais (muitas inéditas), cartas, recortes de imprensa e ilustrações. Há ainda uma abordagem biográfica, bibliográfica e do contexto social, político e cultural da época, além de testemunhos do alcaide local e da própria família de Guisado.

 
 

Carlos Pazos dedicou as teses de mestrado e doutoramento àquele poeta, político e jornalista, tendo nesse âmbito vencido o Prémio de Investigação Linguística e Literária “Carvalho Calero”. No fecho deste seu projeto de investigação, o professor da UMinho sublinha que Guisado contribuiu para enobrecer a imagem da comunidade galega em Lisboa e iniciou na Galiza a internacionalização do modernismo literário português. Este foi, aliás, o principal movimento cultural português do século XX e teve um palco privilegiado no restaurante dos pais de Guisado, o “Irmãos Unidos”, em pleno Rossio. Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros, entre outros, definiram aí estratégias, juntaram materiais e obtiveram até apoio económico para editar a revista-ícone “Orpheu”.

Alfredo Guisado lançou como autor 17 livros de poesia, de prosa e infantojuvenis, usando também o pseudónimo Pedro de Menezes. Como jornalista, foi diretor-adjunto do diário “República” e colaborou no “Rebate”, “Século”, “El Tea” e em várias revistas. E como político foi o primeiro deputado luso-galego no Parlamento (1925), governador civil de Lisboa, “vice” do Município de Lisboa e presidente do Conselho Geral das Juntas de Freguesia de Lisboa. A ele se deve a opção, enquanto vereador, de muitas ruas e jardins lisboetas terem nome de poeta.

 
 

Militante do Partido Republicano, opôs-se à ditadura com crónicas na imprensa e sátiras sob o pseudónimo João de Lobeira ou Domingos Dias Santos; seria preso durante três dias, após o golpe de Estado de Gomes da Costa, em 1928. Foi ainda dos primeiros licenciados em Direito na Universidade Clássica de Lisboa, mas exerceu advocacia só a título gratuito para os pobres. Envolveu-se no movimento de emancipação camponês denominado agrarismo, ocupando cargos diretivos em associações na Galiza e em Lisboa. Foi também um apoiante da causa galeguista. A capa do livro agora apresentado tem o desenho do artista e líder galeguista Castelao, que este ofereceu a Guisado em 1929, em Pontevedra.

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