Reunião no Infarmed: pico da segunda vaga pode ocorrer na próxima semana
As reuniões sobre a evolução da covid-19 em Portugal, que juntam políticos, especialistas e parceiros sociais, são retomadas esta quinta-feira, no Infarmed, em Lisboa.
Manuel Carmos Gomes sinaliza que na “segunda semana de dezembro, teremos uma média de óbitos entre 95 e 100 diários”.
Mais uma vez, tal como Baltazar Nunes, a Irlanda surge como um exemplo do que pode ser uma estratégia eficaz: conseguiu num mês passar de 1150 casos a 14 de outubro para os 350 casos a 12 de novembro.
Já a Bélgica, “teve uma primeira vaga muito agressiva e a segunda ainda mais”. Ainda assim, “conseguiu em 17 dias reduzir de 18 mil casos diários para 4 mil” com medidas de confinamento. Porém, como levantaram algumas restrições, já estão a subir.
Sair da onda pode ser difícil se não houver mão pesada
Carmo Gomes insiste que “se não colocarmos o R abaixo de 1, temos garantido um planalto do qual não é fácil sair”.
“Quanto mais sobe a onda mais dificil é fazer descer, mesmo com medidas muito eficazes”, disse.
Segundo o epidemiologista, “se não formos firmes a forçar o R a vir para baixo” a situação pode ser muito preocupante a nível dos internamentos.
O epidemiologista Manuel Carmo Gomes, que já na última reuniao do Infarmed, no Porto, tinha alertado para o risco do regresso das aulas presenciais, apontou agora em Lisboa que “no fim deste mês” haverá uma reta descendente da transmissibilidade, ainda que lenta.
“Ainda que haja mais casos, a velocidade é mais lenta”, alude, alertando que em principío o pico da onda possa ocorrer no início de dezembro.
Segundo o especialista, com a tendência atual do Rt (transmissibilidade), o pico ocorrerá de 25 a 30 de novembro, com um máximo de casos diários a não sair dos 7000.
Portugal tem de confinar mais e já, se quiser estabilizar onda
Baltazar Nunes termina referindo que há “níveis bastante mais elevados do que os observador na primeira onda de março e abril”.
“O número de reprodução efetivo encontra-se acima de 1 há mais de 80 dias e há mais de 100 dias em algumas regiões”, disse, acrescentando que “Portugal mantém uma taxa ainda elevada de circulação de pessoas em comparação com outros países”, como a Bélgica e Irlanda.
“Só com redução dos contactos superior a 60% e um elevado uso da máscara é possível trazer o R abaixo de 1”, alerta.
IN:JN