Quantcast
 
 

Submarino “Arpão” da Marinha Portuguesa opera ao longo de um agregado de 4 dias imerso sob o gelo do Árctico

Gronelândia
28 de Abril 2024 a 3 de Maio 2024

 

O submarino NRP “Arpão”, S161, da classe “Tridente” da Marinha Portuguesa a operar na zona de gelo marginal do Teatro de Operações da Gronelândia, em missão que o levou, de 28 de Abril a 3 de Maio de 2024, a um agregado de 4 dias em imersão sob a placa de gelo do Círculo Polar Árctico. Esta missão decorre no contexto alargado da Operação “Brilliant Shield”, da NATO, em patrulha no Atlântico Norte e no Árctico, ao longo de um total de 77 dias, iniciados com a largada da Base Naval de Lisboa a 3 de Abril de 2024 e com duração até 19 de Junho de 2024.

 
 
Foto a partir de vídeo via Marinha Portuguesa

Em articulação com o HDMS “Ejnar Mikkelsen” (P571), um dos 3 navios de patrulha oceânica da classe “Knud Rasmussen” ao serviço da Marinha da Dinamarca, desde 2010, com atribuição específica a este mesmo Teatro de Operações, o NRP “Arpão” largou a 28 de Abril de 2024 do porto de Nuuk, cidade capital da Gronelândia, território autónomo sob soberania do Reino da Dinamarca, rumando a Norte-Noroeste para atravessar, a 29 de Abril de 2024, o paralelo 66°33′49.9″ que define geograficamente o Círculo Polar Árctico, a cerca de 300 km de Nuuk, no Estreito de Davis.

O NRP “Arpão” realizou então uma primeira imersão profunda, ao longo de 39 horas e 30 minutos, emergindo na zona de gelo marginal (“Marginal Ice Zone”, MIZ, a zona de transição entre a placa de gelo e gelo flutuante fragmentado à deriva) e prosseguindo para uma segunda imersão de que voltaria à superfície a 3 de Maio de 2024 – iniciando então o regresso ao porto de Nuuk.

 
 

No decurso desta missão, com temperaturas de 0 e -2 graus Celsius à superfície e de 2 a 5 graus Celsius em profundidade, a guarnição do NRP “Arpão”, experimentou a operação dos seus diversos sensores (activos e passivos) num contexto de ruído característico da MIZ (gelo a quebrar, vida marinha) em transição para o silêncio sob a placa de gelo; bem como o desenvolvimento de acções de mapeamento das “polynya” (aberturas não congeladas na superfície; expressão do russo “полынья”, “polyn’ya”) e de medição da largura e densidade da placa de gelo ou de blocos à deriva.

Com vista a esta missão no árctico o NRP “Arpão” recebeu componentes específicas como a instalação, pela Divisão de Submarinos da Direcção de Navios (DN-DS) e pelo Arsenal do Alfeite, SA, de uma protecção na torre para os mastros e, com o apoio do Instituto Hidrográfico (IH), a instalação de um sonar de alta frequência na torre do submarino.

 

Comandado pelo capitão-de-fragata Filipe Clemente Taveira Pinto, liderando uma guarnição de 3 dezenas de elementos, o NRP “Arpão” teve a bordo nesta missão, no respectivo “Combat Information Center” (CIC), o Chefe do Estado-Maior da Armada Portuguesa, o Almirante Henrique Gouveia e Melo, submarinista com experiência operacional, de 1985 a 1992, nos submarinos NRP “Albacora”, NRP “Barracuda” e NRP “Delfim” (nestes 2 últimos como Comandante) e, em 2011, também no NRP “Tridente”.

Construído pela Howaldtswerke-Deutsche Werft GmbH (HDW), em Kiel, na Alemanha, sob tipologia U-209PN, o NRP “Arpão” entrou ao serviço da Marinha Portuguesa em 22 de Dezembro de 2010. Desloca 2 020 toneladas submerso, com um comprimento de 67,7 metros e um boca de 6,35 metros, capaz de uma velocidade, submerso, de 20 nós (37 km/h), com um alcance operacional de 12 000 milhas náuticas (22 000 km).

 

Com uma guarnição base de 33 elementos (7 oficiais, 10 sargentos e 16 praças), está armado com 8 tubos lança torpedos de 533mm (4 deles aptos ao lançamento de mísseis UGM-84L “Harpoon”). Transporta até 12 torpedos WASS Blackshark. Pode ainda transportar 10 militares adicionais de unidades de operações especiais, designadamente operacionais do DAE (“Destacamento de Acções Especiais”) da Marinha Portuguesa.

Artigo publicado em parceria com “Espada & Escudo”

 

Comentários

comentários

Você pode gostar...

Deseja ativar as notificações Sim Não