Investigadores da UMinho criam “árvores de falhas”, para fins de evacuação em caso de erupção do vulcão Popocatépetl
Dois investigadores da Escola de Engenharia da Universidade do Minho definiram um conjunto de estratégias de evacuação face à atividade de um vulcão no centro do México, uma das zonas mais populosas e sísmicas do mundo. O estudo de Rafael Ramírez Eudave e Tiago Miguel Ferreira saiu na revista científica Geohazards e pretende contribuir para apoiar as decisões das autoridades.
O vulcão Popocatépetl (“montanha fumegante”, para o povo asteca) é um dos mais ativos da América do Norte e um dos dez mais monitorizados e mais populosos do mundo, com cerca de 20 milhões de habitantes. Tem 5426 metros de altura e situa-se a sudeste da Cidade do México. Registou 15 grandes erupções nos últimos 500 anos e, após uma fase calma, tem desde 1994 uma atividade constante, mas moderada, com emissão de cinzas, fumarolas, gases e material vulcânico. A última maior erupção foi em 2000, levando a uma significativa evacuação das pessoas, e as erupções mais recentes foram em março e abril de 2020.
Para minimizar os impactos negativos nas povoações da atividade daquele vulcão, há cartografias de perigo e sistemas de alerta com cores, entre outros meios. Porém, estas ferramentas não incluem, por exemplo, ações pró-ativas de moradores que reagem antes dos avisos oficiais, nota Rafael Ramírez. No estudo agora publicado, dá o exemplo da aldeia de San Pedro Tlalmimilulpan, que está suscetível a efeitos das emissões de cinzas vulcânicas logo no início de uma possível evacuação. Isso pode levar à falha do plano de emergência.
Os investigadores da UMinho criaram então “árvores de falhas”, agregando os itens sensíveis para fins de evacuação, como boa disponibilidade de acessos, de viaturas, de abrigos e de redes de comunicações, água e luz. O trabalho antecipou cadeias de eventos negativos e dificuldades na resposta pós-evento. Notou-se, em particular, que a falha dos serviços de comunicações tende ao “insucesso imediato” da ação. Os cientistas sugerem ainda o envolvimento contínuo de peritos de vários saberes para uma análise complexa e precisa para cada povoação e tipo de situação, associando aspetos como os índices de risco para áreas vulneráveis, a distribuição da população e o histórico de evacuações.
Rafael Ramírez Eudave nasceu na Cidade do México há 28 anos e investiga no Instituto de Sustentabilidade e Inovação em Engenharia de Estruturas (ISISE) e no Instituto para a Biossustentabilidade (IB-S) da UMinho. Fez a licenciatura em Arquitetura pela Universidade Nacional Autónoma do México, o mestrado europeu em Análise Estrutural e de Construções Históricas pelas universidades do UMinho e de Basilicata (Itália) e é doutorando em Engenharia Civil pela UMinho, tendo colaborado com vários gabinetes e institutos na sua área. Tiago Miguel Ferreira nasceu há 34 anos em Leiria, investiga no ISISE e no IB-S e é professor das universidades do Minho e de Coimbra. Fez o mestrado e o doutoramento em Engenharia Civil pela Universidade de Aveiro, uma pós-graduação em Reabilitação do Património Construído pela Universidade do Porto e é pós-doutorando em Engenharia Civil pela UMinho.