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10 anos depois da Capital Europeia da Cultura, Guimarães já pensa em 2032

O processo de criação do Plano Estratégico Municipal para a Cultura demorará 365 dias, e será o mais inclusivo possível. A primeira sessão de trabalho decorreu esta terça-feira à noite, no Auditório do Teatro Jordão.

 

“Dez anos depois, o que nos interessa é olhar para Guimarães, perceber o caminho que percorremos e lançar novos horizontes para o que podemos ser no futuro”, começou por dizer Paulo Lopes Silva, vereador da Cultura da Câmara Municipal de Guimarães, num auditório que exibiu uma moldura humana evidenciadora do interesse que as questões culturais despertam na sociedade vimaranense, e sobretudo nos artistas e associações culturais.

 
 

Paulo Lopes Silva, perante uma plateia de criadores, associações, autarcas, técnicos municipais, profissionais da arte e da cultura e outros cidadãos, iniciou a sessão explicando o motivo pelo qual a autarquia tomou a decisão de desenvolver um processo de criação de um Plano Estratégico Municipal para a Cultura. “Este é o ponto de partida para um trabalho de um ano, e os criadores são os pivots fundamentais deste processo”, frisou. O vereador endereçou um agradecimento a todos os presentes e ao Professor Manuel Gama, do Observatório de Políticas da Ciência, Comunicação e Cultura do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade do ICS da Universidade do Minho, entidade responsável pela elaboração da metodologia científica que será posta em prática e que efetuará o trabalho de auscultação e diagnóstico ao tecido sociocultural do concelho de Guimarães.

O vereador da Cultura, em jeito de resenha, lembrou o percurso do Município de Guimarães enquanto entidade promotora de cultura, recuando atá final dos anos 80, altura em que as primeiras políticas culturais começas a ser colocadas em prática. A segunda fase situa-se em 2005, ano da abertura do Centro Cultural Vila Flor, ponto de viragem na estratégia municipal e espoletador da obtenção do título de Capital Europeia da Cultura, em 2012, através do fortalecimento dos hábitos culturais. Paulo Lopes Silva referiu-se depois ao presente, resultado da estratégia pós-CEC 2012, dizendo que a aposta na criação e formação nas artes e na cultura, de que é prova a reabilitação e refuncionalização do Teatro Jordão e Garagem Avenida, foi um “passo natural” para lançar as sementes de “uma nova geração das artes”.

 
 

Referindo-se especificamente ao Plano Estratégico Municipal para a Cultura, Paulo Lopes Silva disse ser esse um documento que será produzido de uma forma participada e pensado coletivamente, para que todos possamos definir o que queremos ser daqui a dez anos. “Perceber as dinâmicas culturais, saber quem são os nossos públicos e os nossos criadores, contando com o papel fundamental das associações “, disse.

Manuel Gama, investigador do CECS e coordenador do projeto de elaboração do Plano, explicou que será utilizada uma metodologia colaborativa, que permita o envolvimento da comunidade e de quem faz cultura no território, e realçou a importância de um olhar externo e isento, que seja capaz de concorrer para um documento, em versão 0, que será posteriormente remetido ao poder político. Manuel Gama divulgou ainda todas as fases do projeto, dizendo que todos os contributos “são bem-vindos”.

 

Após um período de questões da audiência, bastante participado e demonstrador das diferentes perceções e dimensões culturais presentes no território, Domingos Bragança, Presidente da Câmara Municipal, encerrou a sessão, dirigindo-se aos presentes para explicar o que motivou a autarquia para a elaboração deste Pano. “Este Plano Estratégico 2032 tem toda a pertinência por várias razões. O reconhecimento do trabalho feito até hoje, que deixa uma marca relevante e uma dinâmica forte que faz de Guimarães uma Cidade Europeia de Cultura, mas importa robustecer a componente da academia a da formação nas Artes Performativas, Teatro, Música e outras atividades, de forma a criar mais competências para o desenvolvimento de talento e aumentar as ofertas culturais”, disse.

Domingos Bragança disse que este caminho será feito “com todos”, através da participação, cocriação e compromisso coletivo, numa lógica de inclusão. O Presidente da Câmara manifestou ainda a vontade de que a Arte se possa ocupar das questões do nosso tempo, como a “necessidade de Paz e a Sustentabilidade Ambiental”. Um dos exemplos usados pelo Edil foi o conceito que será o pilar da nova candidatura de Guimarães a Capital Verde Europeia, que assenta num corredor “Bio-Cultural”. “Queremos surpreender as pessoas através de expressões culturais nos diversos espaços do território, com projetos cruzados, para que todos se possam sentir numa cidade de cultura”, concluiu.

 

O Plano Estratégico Municipal para a Cultura assenta em duas grandes fases. Na primeira, será efetuado o diagnóstico das dinâmicas culturais de Guimarães no presente, através da análise documental, entrevistas, grupos de discussão, inquéritos por questionário e observação direta. Numa segunda fase, serão recolhidos contributos através de um processo colaborativo, envolvendo diferentes protagonistas do tecido cultural do território. Serão ainda avaliados os impactos dos investimentos municipais na cultura e analisadas as estratégias dos espaços, equipamentos e de eventos culturais âncora para o diálogo, o envolvimento, a fidelização, a captação e a formação de públicos.

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