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Assinatura do contrato de construção de novo navio – Plataforma Naval Multifuncional da Marinha Portuguesa

Museu de Marinha, Lisboa, Portugal
24 de Novembro de 2023

 

A cerimónia de assinatura do contrato entre a Marinha Portuguesa e a holandesa Damen Shipyards Group para a construção da Plataforma Naval Multifuncional (PNM), futuro NRP “D. João II”, teve lugar a 24 de Novembro de 2023, no Pavilhão das Galeotas, no Museu de Marinha, em Lisboa. Este navio, especialmente orientado à operação com “drones” aéreos, de superfície e sub-superfície, em missões de vigilância, investigação, auxílio e emergência, deslocará até 7 000 toneladas, com um comprimento de 100 metros, boca 20 metros e calado de 5,5 metros. Terá uma guarnição de 48 elementos, transportando 42 investigadores ou outros especialistas. Em contexto de auxílio ou de emergência pode embarcar mais 100 a 200 pessoas. Terá uma velocidade máxima de 15 nós (em cruzeiro de 10 nós) e assume uma disponibilidade de 300 dias por ano, com 210 dias em missão.

 
 
Ilustrações por modelização digital via Damen.

Depois de um primeiro um concurso limitado (por prévia qualificação), lançado a 20 de Junho de 2022 pela Marinha Portuguesa, que, com um candidato qualificado, não teve apresentação de proposta, foi lançado um segundo procedimento concursal, n.º 8714/2023, publicado a 29 de Maio de 2023, bem sucedido, e cujo contrato foi agora assinado. Trata-se de uma plataforma que representa um investimento, faseado, de 132 milhões de EUR – financiado em 94,5 milhões de EUR (71,6%) pelo Plano de Recuperação e Resiliência e em 37,5 milhões de EUR (28,4%) pelo Estado Português. Tem entrega projectada para o segundo semestre de 2026.

A Damen Shipyards Group, que venceu este concurso, foi o construtor das fragatas NRP Bartolomeu Dias (F333) e NRP D. Francisco de Almeida (F334) actualmente ao serviço da Marinha Portuguesa.

 
 

O Contra-Almirante Fernando Jorge Pires, Director de Navios da Marinha Portuguesa, apresentou, nesta cerimónia, o âmbito de missões a serem desempenhadas pelo futuro NRP “D. João II”, bem como as principais características técnico-funcionais desta plataforma – que abaixo se transcrevem.

“(…) Investimento inscrito na componente 10, Mar, do Plano de Recuperação e Resiliência [PRR], esta plataforma naval caracteriza-se como um navio inovador, disruptivo, multi-funcional (…); incorporando as capacidades necessárias para receber e operar veículos não tripulados nas 3 dimensões: aéreos, de superfície e de sub-superfície; constituindo-se como uma plataforma de projecção e coordenação de capacidades, permitindo a integração e compatibilização de todos estes meios na arquitectura do sistema de bordo, interagindo e alimentando um “digital twin”; multi-funcional, capaz de se re-configurar para efectuar diversos tipos de missões, desde as cientificas, vigilância e fiscalização, e em reposta a emergências (…).

 

(…) um investimento designado por Centro de Operações de Defesa do Atlântico e Plataforma Naval, um Centro de Operações (COMAR) que pretende reforçar os meios de observação do Oceano, permitindo congregar o conhecimento e que será o nó principal operativo que irá interligar com outros organismos internacionais (alguns deles tutelados pela União Europeia) e com entidades nacionais.

No âmbito do PRR, o COMAR articula-se com 3 laboratórios: Instituto Hidrográfico [IH] – SensorTech; Laboratorário de Robótica, Sistemas de Apoio à Decisão e Inteligência Artificial do Centro de Investigação Naval (CINAVLab); Centro de Experimentação Operacional da Marinha (CEOM). (…) Tudo isto, conjugando-se com a Zona Livre Tecnológica “Infante D. Henrique”, para criar em Portugal um ecossistema único para o desenvolvimento científico e tecnológico relacionado com o Mar, estreitando os laços de cooperação entre universidades, centros de investigação, laboratórios, empresas e defesa, dando assim um contributo decisivo para o desenvolvimento da economia azul.

 

Quanto à Plataforma Naval Multifuncional, o conceito de emprego do navio consiste numa plataforma multi-disciplinar de referência, integrando tecnologia de fronteira e estendendo as funcionalidades de um navio de vigilância oceânica e de investigação oceanográfica para outros cenários, como os de emergência, ou actividades de monitorização da ecologia do Mar, e integrando novos meios tecnológicos de observação, monitorização e intervenção oceânica, como sistemas robóticos aéreos ou submarinos. As suas áreas de actuação estendem-se a situações de emergência, vigilância, fiscalização, investigação científica e tecnológica, assim como monitorização ambiental e metereológica.

(…) uma pista de lançamento e recolha de “drones” de asa fixa e rotativa, com 94 metros, um “Heli-Deck” para operar com helícopteros pesados, até 15 toneladas, do tipo EH-101, o maior helicóptero que o Estado Português possui. Com um hangar para operar organicamente com helicópteros de médio-porte do tipo NH-90. Um hangar para “drones” com capacidade para acolher um contentor de apoio de 20 pés. Capacidade de lançar “drones” de asa-fixa por catapulta. Uma enfermaria com capacidade para receber sinistrados, podendo assegurar Role 2 NATO [escala crescente de 4 patamares de cuidados médico-hospitalares], com embarque de contentores específicos. Alojamento em camarotes para a guarnição e investigadores.

 

No piso de trabalho teremos um hangar multi-missão com cerca de 400 metros quadrados, concebido com meios de elevação e calhas para movimentação de contentores. Duas lanchas rápidas orgânicas e capacidade para levar mais duas lanchas (hidrográficas, de desembarque, semi-rígidas ou outras de porte similar, bem como “drones” de superfície e de sub-superfície).

A estibordo, tem uma porta “Roll In – Roll Out” para movimentação de viaturas. À ré, no parque de manobra, uma grua de 30 toneladas, e uma rampa para largar meios de superfície e de sub-superfície. O hangar tem ainda um compartimento para operar um ROV [“Remotely Operated Vehicle “], como por exemplo o ROV “Luso”. Está equipado com um elevador de carga, que atravessa os pisos desde o convés de voo até ao hangar interior.

No interior do navio, além de todas as funcionalidade navais, dispõe de 2 espaços que podem ser convertidos em cobertas para alojar cerca de 100 pessoas com sanitários e chuveiros dedicados. Neste pavimento temos acesso ao patilhão arriável (“droop keel”) onde possam ser instalados vários equipamentos científicos para efectuar recolha de dados.

Na área cientifica, teremos uma zona de laboratórios, com um laboratório seco e um molhado, entre outros, zonas de trabalho, zonas de armazenamento de amostras com capacidade de refrigeração a 80 graus [Celsius] negativos. A zona destinada à operação dos ROV tem capacidade para instalar e operar contentores e gruas de apoio; terá também instalado um guincho CTD [“Conductivity Temperature Depth”] para registar condutividade, temperatura e pressão na coluna de água. Pode ainda embarcar outros laboratórios contentorizados em função da missão atribuída.

O hangar multi-missão pode ser configurado para embarque de contentores com várias finalidades. O navio dispõe de ligações de energia, água e esgoto para os contentores embarcados. Poderá levar viaturas de auxílio, ambulâncias, ou outro tipo de equipamento, “drones”, embarcações ou carga geral. O navio está preparado para embarcar 42 investigadores em camarotes, com zonas de trabalho dedicadas.

Em situação de auxílio, existem 2 compartimentos que estão preparados para serem adaptados e receberem cerca de 100 pessoas. Estes compartimentos têm sanitários e casas de banho dedicadas. Em situação de emergência poderão ainda embarcar mais 200 pessoas no hangar multi-missão. (…)”

Edição, composição e infografia por “Espada & Escudo”
Artigo publicado em parceria com “Espada & Escudo”

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