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Caça à Cabra Montês no Parque Nacional Peneda-Gerês

O Parque Nacional da Peneda Geres tem sido alvo de caça furtiva de Cabras Montesas nos últimos tempos.

 

A VMTV teve conhecimento através do carris-geres.blogspot.com e da página do Facebook O Gerês que denunciaram o abate ilegal destes animais dentro do espaço do Parque Nacional Peneda Gerês nas suas redes sociais.

 
 
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A denúncia destes abates ilegais foi feita junto do Comando Territorial da GNR de Vila Real por parte da reportagem da VMTV em 6 de fevereiro passado, após as questões levantadas pelo nosso jornalista, sendo que esta força desconhecia de todo esta situação à data.

Em Dezembro de 2021, foram ouvidos dois disparos, na zona das Gralheiras em Pitões das Júnias, que após alguns dias de busca foi encontrado um corpo de um macho com a cabeça decepada, o mesmo sucedeu em Janeiro de 2022, um novo animal com marcas visíveis de dois tiros e a cabeça decepada.

 
 
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Circulo Vermelho – Zona de Abate da Cabra Montesa / Círculo verde saída para terra batida / Círculo azul fim da estrada de terra batida / Linha Amarela – Fronteira

Questionado que foi o ICNF, em comunicado enviado á nossa reportagem refere que “Formalmente, este Instituto apenas teve conhecimento de uma situação, na manhã do dia 24 de janeiro de 2022 dando conta da existência de um macho de cabra montesa morto na Freguesia de Pitões das Júnias, Concelho de Montalegre.”

“Nesse mesmo dia uma equipa de dois Vigilantes da Natureza deslocou-se ao local e pode confirmar a veracidade dos factos. Foram realizadas as diligências adequadas à situação, nomeadamente a peritagem e levantamento de indícios que resultaram num auto de notícia, que seguiu para o Ministério Público.” refere o ICNF em comunicado.

 
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Ainda segundo este comunicado “A Direção Regional de Conservação da Natureza e Florestas do Norte, através do seu corpo de Vigilantes da Natureza reforçou de imediato a vigilância na área em questão e continuará a manter dentro do quadro das suas competências esta atuação.”

Por parte da Procuradoria Geral da República, em resposta às nossas questões, simplesmente “Confirma-se apenas a instauração de inquérito relacionado com a matéria referida. O mesmo corre termos no Ministério Público de Montalegre da comarca de Vila Real.”

 

Neste desenrolar dos acontecimentos, notou-se a descoordenação dos serviços do ICNF e da GNR.

Troféus que podem custar até 8 mil euros

 

O troféu de caça mais valioso do mundo é português, noticiava a edição da Noticias Magazine de 11 de Dezembro de 2016
Segundo esta revista, o” íbex, nome porque também é conhecida a Capra pyrenaica, é uma das presas mais raras do mundo e por isso um troféu valioso para um caçador. «O que a maioria das pessoas não imagina é que se paga mais para abater um macho-montês do que um leão africano», diz Ascenso Oliveira, um médico de Ponta da Barca que já caçou ambos. Tem 67 anos de vida, 51 de caçador.
«É a coisa mais preciosa que tenho, de longe. Este animal tem uma mística única. Em primeiro lugar, porque só existe neste território. Depois porque a aproximação é difícil, é um bicho que se esquiva, que vive empoleirado nos penhascos. Para abatê-lo, é preciso caçá-lo por aproximação. E essa é a forma mais pura desta arte, porque para ter sucesso só contam três coisas: o homem, o bicho e a paisagem.» Faz uma festa na cabeça da cabeça do macho e diz: «Aqui cabe toda a alma de um caçador.»”

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Imagem Ilustrativa

Em 2013, Ascenso Oliveira comprou uma licença espanhola ( que pode custar até 12 mil euros) para abater um macho montês que é aquele troféu que hoje enfeita a parede de sua casa e foi morto no fim de uma tarde de outono na província de Aragão, a uma centena de quilómetros da cidade de Teruel sempre acompanhado por um vigilante da natureza que indicou os animais a que podia apontar e abater.

Caça à Cabra Montês

Em 2019 o ICNF patrocinou as I Jornadas Internacionais de Sustentabilidade Económica dos Espaços Ordenados e Protegidos ” A vocação cinegética do Parque Nacional da Peneda-Gerês” uma organização do “promovidas pelo Clube Português de Monteiros e o Safari Clube Internacional – Lusitânia Chapter”, com “o apoio do município de Arcos de Valdevez, do Ministério da Agricultura, Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), do Turismo do Norte e com a anunciada presença do ministro do Ambiente e do secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural”, que viriam a ser suspensas por “razões técnicas” como a VMTV noticiou em 05/04/2019.

Sarna Sarcóptica

A sarna sarcóptica é uma doença parasitária causada pelo ácaro Sarcoptes Scabiei. É altamente contagiosa, com distribuição mundial e afeta uma ampla gama de mamíferos, incluindo a Capra pyrenaica.

Esta doença já identificada em várias regiões de Espanha, também aparece agora em Portugal, onde alguns animais desta raça já foram identificados com a sarna sarcóptica.

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Capra Pyrenaica Lusitanica

Um século depois da extinção da Capra Pyrenaica Lusitanica, conhecida como uma sub-espécie de Ibex,apareceu a Capra Pyrenaica Victoriae em 1992, oriunda da Serra Espanhola, Gredos, derivado de uma estratégia nacional desse país em povoar áreas como é exemplo fronteiriço o Parque Natural do Xurês.

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Em Fevereiro de 1999, o ambientalista Miguel Dantas da Gama avistou três cabras nas escarpas do Gerês, uma observação inédita em praticamente um século. Décadas depois, instantâneos como este voltaram a ser comuns no único parque nacional português.

Hoje em dia já não se sabe ao certo quantos animais existem no território do Parque. São quase 30 anos de Ibex Ibérico, Capra Pyrenaica Victoriae ou simplesmente Cabra Montês. Tal como o último relatório bienal realizado pela Comissão Europeia indica para áreas protegidas, Portugal é dos piores países da União Europeia, onde não se efetuam nem estudos, nem devida proteção às espécies que temos, determinando esse estudo que 65% da área protegida de Portugal está ao abandono.

Refletindo sobre o papel do estado, responsável pelo ICNF, temos a Cabra Montês espalhada por duas das Serras do Parque da Peneda-Gerês (Amarela e Gerês) e um dos espaços protegidos também componente interina do Parque(Castro Laboreiro), tudo em áreas fronteiriças partilhadas pela reserva da biosfera transfronteiriça. No entanto Espanha terá mais vigilância que Portugal no seu lado, sendo que do lado português temos cerca de 70 mil hectares, onde a vigilância não deverá ultrapassar os 20 vigilantes do único Parque Nacional.

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