Fotógrafos e videógrafos pedem medidas perante falta de trabalho e fecho de empresas
O presidente da Associação Portuguesa dos Profissionais da Imagem (APPImagem) disse hoje à agência Lusa que “há empresas a fechar” nesta área, tendo em conta que praticamente não trabalham há um ano e continuam a pagar impostos.
“Precisamos de trabalhar, seja da forma que for. O setor está a atravessar uma crise como nunca vista que vai deixar mazelas para o futuro nesta área. Já temos conhecimento de várias empresas que inclusive já estão a encerrar, porque é incomportável”, contou Hélder Couto.
O presidente da APPImagem, que representa fotógrafos e videógrafos, indicou que os profissionais estão “parados há precisamente um ano, porque o trabalho é sazonal” – a época termina geralmente em outubro e é retomada em maio. Pelo meio, há um “período um pouco mais parado”.
“Se voltarmos à atividade em maio [de 2021] é um ano e meio parado. É muito complicado para qualquer empresa aguentar um ano e meio parado sem qualquer receita e, pior do que isso, ainda ter de continuar a pagar impostos”, apontou.
Por isso, a APPImagem enviou em outubro uma carta aos líderes parlamentares, mas “só o PAN, o PS e a CDU” é que os ouviram, através da plataforma Zoom: “Ainda assim não surtiu efeito”.
Agora, a associação volta a enviar a carta e pede para ser ouvida pelo Governo, de preferência “por quem mais manda, mas, independentemente de quem fosse, que seja alguém que dê voz” às necessidades do setor.
“Gostávamos de ser representados por alguém, independentemente do partido que fosse, que fossem a nossa voz lá dentro e explicar a alguém os problemas que estão a acontecer, porque estamos numa situação de calamidade”, reforçou Hélder Couto.
A associação quer partilhar com o executivo ideias para que o setor volte ao ativo. Em reuniões com donos de espaços já foi sugerida a realização de testes rápidos antes de as pessoas entrarem nos eventos – pelo menos os profissionais estarão dispostos a fazê-lo, além de cumprirem “todas as regras” que o Estado pretender.
Hélder Couto adiantou também com a ideia, por exemplo, de nos casamentos “serem os convidados a servirem-se, para minimizar os contactos” e, na altura do baile, “sensibilizar as pessoas para só o fazerem com o seu agregado familiar”.
Com estas e outras medidas, é possível “arrancar já com os casamentos, mas podem avançar outros eventos” de caráter cultural ou desportivo, ou até festas de empresas, que “são serviços em que muitos dos associados também trabalham”.
“Porque a sociedade hoje está muito mais sensibilizada para os tempos que se vivem e a máscara é um exemplo disso, já toda a gente usa na rua e até a fazerem exercício físico algumas andam de máscara”, assinalou.
Com cerca de 2.500 associados, a APPImagem teve uma quebra de 70% na receita: “os profissionais deixaram de ter 140 euros para pagar a cota anual” e assim “dá para perceber como é que está o mercado e o estado das pessoas, que é de pobreza mesmo”.
As ajudas do Governo, disse o presidente, “são um problema”. Por exemplo, um colega recebeu 50 mil euros para fazer face às despesas, mas “como é um empréstimo vai ter de começar a pagar em janeiro ou março, porque os juros são baixos, mas o plano de pagamento é curto”.
“Vai ter de pagar a prestação, de cerca de mil euros, mas, para quem tem de pagar uma prestação dessas e continua parado, acho que neste momento vai ter dois problemas: o que tinha pela falta de trabalho e agora com a dívida ao Estado, porque não vai conseguir fazer essa liquidação. Essa é outra das situações pelas quais queremos ser ouvidos”, argumentou.