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HIDROAVIÕES NOS “HANGARES”

“Hangares”, Ilha da Culatra, Faro
Década de 1940

 

Na década de 1940, junto aos “Hangares” da Ilha da Culatra, Faro, geo-referenciação 36.98791764993033, -7.856489302802134, temos 3 hidroaviões Grumman G-21B da Aviação Naval Portuguesa, destinados ao reconhecimento e patrulhamento marítimo, busca e salvamento, transporte geral e fotografia aérea.

 
 
hidroavião
Foto via Arquivo Fotográfico do Almirante Quintino Mário Simões Teles

A Aviação Naval (AN) Portuguesa encomendou, em 1939, 12 unidades do avião bimotor Grumman G-21B ao fabricante norte-americano Grumman Aircraft Engineering. Sendo originalmente um avião anfíbio, foram adquiridos por Portugal, sob construção específica, numa modificação como hidroaviões puros – visando reduzir o seu peso por supressão do trem de aterragem e demais plataforma conexa, e, desta forma, optimizar o seu consumo e capacidade de transporte de combustível por forma a que lhes fosse possível alcançar confortavelmente os Açores. Com os números de construção 1088 a 1099, a AN fez corresponder aos mesmos os números de matrícula de 97 a 108, tendo as duas primeiras unidades chegado a Portugal em Abril de 1940, quatro unidades em Maio, quatro unidades em Junho e as duas últimas em Julho. A sua entrega foi feita, já tripulados por militares portugueses, em voo dos Estados Unidos, com escala nos Açores.

Os Grumman G-21B, com um peso vazio de 2 875 kg (e um peso máximo de 3 650 kg), com uma envergadura de 14,92m, um comprimento de 11,68m e uma altura de 4,57 m, estavam equipados com 2 motores Pratt & Whitney R-958 Wasp Júnior, de 9 cilindros radiais arrefecidos por ar, de 450 hp cada, que lhe permitiam alcançar uma velocidade máxima de 232 Km/h (em cruzeiro, 207 Km/h), com um raio de acção de 1 930 km.

 
 

Designada originalmente por Ilha dos Cães, a Ilha da Culatra, em Faro, receberia em 1917, em finais da 1.ª Guerra Mundial (GM), sob coordenação do segundo-tenente Adolfo Trindade, a construção de um Centro de Aviação Naval (CAN). Tratava-se, numa convenção realizada com o Governo Francês, de uma base para hidroaviões, suportada por dois hangares, de alvenaria, cobertos por telha marselhesa e lajeados com pedra, compreendendo uma área coberta de 1 026 metros quadrados, com rampa de acesso, um pequeno edifício para posto de comunicações TSF (“Telegrafia Sem Fios”) e uma cisterna, que seriam concluídos, já sob comando de Santos Moreira, a 9 de Setembro de 1918.

Com o armistício da 1.ª GM, a 11 de Novembro de 1918, e o assassínio do Presidente Sidónio Pais, a 14 de Dezembro de 1918, o CAN da Culatra acabaria por atravessar um período de alargada inactividade (com prioridade dada aos CAN de Lisboa, Aveiro e Ponta Delgada). De 1938 a 1943, estas instalações foram operadas, sob concessão do Ministério da Marinha, pela Junta Autónoma de Portos do Sotavento do Algarve. A expressão “Hangares” corresponde ainda hoje, precisamente, à designação de um dos três núcleos habitacionais da Ilha da Culatra – O Núcleo dos Hangares.

 

Artigo publicado em parceria com “Espada & Escudo”

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