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Japão paga às empresas para retirarem produção da China em resposta à pandemia

O Japão anunciou esta sexta-feira o equivalente a 2.000 milhões de euros para apoiar empresas manufatureiras a realocarem produção para fora da China, parte de um pacote de estímulos económicos para combater a pandemia da covid-19.

 

O orçamento extra, aprovado pelo Executivo japonês para reduzir o impacto económico da pandemia, inclui 220 mil milhões de yen (1,8 mil milhões de euros) para apoiar empresas a transferirem a produção para o Japão, e mais de 23 mil milhões de yen (200 milhões de euros) para apoiar a realocação para outros países.

 
 
REUTERS

A China é o maior parceiro comercial do Japão, mas as importações japonesas oriundas do país vizinho caíram quase para metade, em fevereiro passado, quando o surto do novo coronavírus, que teve origem no centro da China, forçou o encerramento de fábricas, interrompendo o fornecimento de componentes para fabricantes japoneses.

“Haverá mudanças”, previu num relatório Shinichi Seki, economista do Instituto de Pesquisa do Japão, acrescentando que algumas empresas japonesas que fabricam produtos na China para exportar já estavam a considerar realocar a produção. “Os apoios públicos definitivamente darão novo impulso”, notou.

 
 

Depois de dois anos marcados pela guerra comercial e tecnológica entre Washington e Pequim, o início do surto na China interrompeu, primeiro, as cadeias de distribuição globais, com o encerramento de fábricas, portos e cidades inteiras no país asiático, e expôs, a seguir, a incapacidade de vários países de se autoabastecerem com equipamento médico crucial, à medida que a doença de alastrou além-fronteiras.

“Governos e diretores de multinacionais não esquecerão rapidamente uma lição assustadora: para vários produtos e componentes vitais eles dependem de um só país, a China”, resumiu a revista britânica The Economist.

 

O Japão exporta uma parcela muito maior de peças e produtos semiacabados para a China do que outras grandes nações industriais, segundo dados do Governo japonês.

Questionado sobre a decisão de Tóquio, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês assegurou esta sexta-feira que Pequim está a “fazer o possível para retomar o desenvolvimento económico”.

 

“Neste processo, esperamos que outros países ajam como a China e tomem as medidas adequadas para garantir que a economia mundial e as cadeias de fornecimento registem o mínimo impacto possível”, apontou.

Os estágios iniciais do surto da Covid-19 na China pareciam ter contribuído para melhorar os laços entre Pequim e Tóquio, apesar da constante tensão entre os dois países, suscitada por disputas territoriais e pelo ressentimento chinês devido à ocupação japonesa durante a Segunda Guerra Mundial.

 

O Japão doou máscaras e equipamentos de proteção e um desses carregamentos foi acompanhado por versos de uma poema clássico chinês, tendo suscitado agradecimentos de Pequim.

No entanto, muitos no Japão tendem a culpar a China por, numa etapa inicial, ter ocultado a gravidade do surto, e criticam o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, por não ter interditado a entrada de visitantes oriundos do país vizinho.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 94 mil.

Dos casos de infeção, mais de 316 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

In:Lusa/CM

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