Theatro Gil Vicente celebrou 120 anos
Domingo, dia 31 de julho, foi dia de aniversário para o Theatro Gil Vicente. Ao celebrar 120 anos de existência, o Theatro Gil Vicente acolheu a peça “Insónia”, do apresentador e comediante Fernando Mendes. Esta encenação, que já no sábado teve casa cheia, voltou a lotar a secular casa de espetáculos barcelense, numa tarde que animou de gargalhadas toda a plateia.
O ano de 2022 tem sido de enorme atividade e sucesso, com a programação do TGV a ficar classificada entre as melhores a nível nacional, merecendo, por isso, o financiamento da dgARTES de apoio à programação, até 2025, no valor 600.000€. Foi também aprovada uma outra candidatura, apresentada pelo Município no âmbito do PRR para modernização de infraestruturas tecnológicas de vídeo e imagem, no valor de 150 mil euros.
Por outro lado, os números que o Theatro vai registando até ao momento indicam claramente que 2022 será um ano de records, ultrapassando todos os números desde a reabertura do teatro em 2013. Com efeito, dados relativos a 31 de julho dão conta da realização de 134 espetáculos, no Theatro Gil Vicente, a que correspondem 16.398 espetadores, ou seja, 63,7 % de taxa de ocupação global, numa receita de bilhética 33.326,75€; sublinhando, no entanto, que muitos desses espetáculos tiveram entrada grátis. A estes números acrescem 3 sessões de cinema e 10 espetáculos realizados fora de portas, onde estiveram presentes 1698 espetadores.
Em ‘Insónia’, Fernando Mendes estará a solo e encarnará na pessoa de Custódio Reis, um vendedor de vinhos e licorosos, que vive com a corda no pescoço. Tanto financeiramente, como familiarmente. É o comum português de classe média, que vive afogado em dívidas e créditos. A mulher, Sónia, esgotou de vez a sua paciência para com um marido que é cada vez mais um falhado e um tipo sem rumo ou grandes objetivos de vida para além de comer, beber e dormir. É um marido ausente e um pai ainda mais. Não tanto por falta de amor, mas mais de energia… Custódio sente-se cansado, pesado e sem paciência. A única ginástica que faz é financeira e a pouca pachorra que ainda vai tendo é para o trabalho. Aos dezassete anos começou a trabalhar como padeiro. Hoje em dia, vende vinho, mas, na verdade, é quase tanto aquele que bebe como aquele que vende. Até gosta do que faz e acha-se entendido em vinhos, não o sendo verdadeiramente. É, em boa verdade, um tipo sem grande profundidade intelectual e sem grandes teses filosóficas. Por sua vez, é desenrascado e tem lábia de vendedor. O típico português de café que fala de tudo sem dizer quase nada.
Certa noite, Custódio, que sempre teve preguiça de pensar muito na sua vida, pára para pensar e ao contrário de passar a noite a ressonar, como é seu hábito, não consegue dormir. Tem uma terrível insónia. Uma insónia onde vai questionar tudo na sua vida e tentar encontrar soluções. Só que, por mais que grande parte dos seus problemas tenham soluções óbvias, para um homem que foi toda a vida assim, a mudança não parece fácil.
Assistimos, então, a uma hilariante crise interior pela qual, em tempo real, Custódio vai passar, na tentativa de alcançar a paz de alma necessária para que volte a conseguir dormir. Pelo meio desta ‘Insónia’ vamos assistindo a alguns programas de televisão que Custódio vai vendo para “ver se chama o sono”, onde Fernando Mendes protagoniza momentos muito improváveis com alguns dos seus amigos e colegas de toda a vida.
‘Insónia’, um espetáculo para brincar com coisas sérias.