“Marcelo contribuiu para o cenário que se nos apresenta”
Quis o Presidente da República que este País fosse para eleições legislativas em Janeiro de 2022. Eleições que decidiu sozinho, antes sequer de uma votação que se realizaria na Assembleia da República sobre um orçamento de estado, num órgão de soberania onde o Presidente não deveria meter “bedelho”, e antes sequer de ouvir a opinião do Conselho de Estado.
O Presidente da República, segundo a Constituição que tanto invocam, tem como função zelar pelo “regular funcionamento das instituições”. Pois Marcelo Rebelo de Sousa, um “afamado” Constitucionalista, tudo fez para se imiscuir no regular funcionamento num desses órgãos, numa daquelas suas mais importantes votações – o Orçamento de Estado.
Mas Marcelo é assim.
Fala mais que uma “beata”, sobre tudo e sobre todos. Não consegue ver um microfone sem se colocar a debitar sobre tudo. E foi assim que Antecipou a decisão de demitir os deputados se estes não fizessem o que que lhe dava jeito, nomeadamente que aprovassem um orçamento, fosse ele mau ou bom, “ a bem da estabilidade”, segundo o próprio.
Para Marcelo, não interessava se o orçamento era bom para os portugueses e para Portugal. Para Marcelo o que lhe interessava era manter o seu estatuto de “conciliador” e de “promotor de estabilidade”. E ao anunciar antecipada, prematura e irresponsavelmente, a dissolução do Parlamento, como se a mesma, a tão famigerada bomba atómica da democracia, fosse coisa de somenos, Marcelo contribuiu para o cenário que se nos apresenta. E não pode culpar mais ninguém.
Porque se algum culpado existe na instabilidade política e no chumbo do orçamento, esse culpado é o mesmo Marcelo Rebelo de Sousa, que sempre fez o jogo do PS.
Foi Marcelo que não exigiu um acordo escrito entre os partidos da geringonça no início do novo mandato, ao contrário do que fez Cavaco Silva, que responsavelmente exigiu esse acordo entre os partidos da geringonça antes da formação do Governo.
Mas Marcelo não o exigiu, porque efetivamente Marcelo utiliza a Presidência da República para seu gáudio pessoal, sem que tenha a noção da verdadeira importância do cargo, que está muito para além da importância da de um comentador político, que pode dizer tudo e o seu contrário, sem qualquer tipo de consequência. Marcelo acha que com selfies, danças e comendas a rodos, convence os portugueses. E convence mesmo, porque a maioria do eleitor português gosta é destes shows.
E António Costa goza com Marcelo, como se este fosse uma marionete. Faz dele o que quer.
E sendo António Costa um um verdadeiro estratega político, que não se incomoda nada em usar o País e os Portugueses, desde que isso lhe permita manter o poder, deu um nozinho em Marcelo, e começou a gizar a manutenção do seu poder .
Para isso as eleições antecipadas davam tanto jeito… e Marcelo entrega-lhe de bandeja não só as eleições, como a desculpa que o mesmo precisava para as realizar. E António Costa nem demorou muito a dizer ao que ia. Ainda ontem em entrevista à RTP anunciava a necessidade da maioria absoluta.
Costa desejava eleições antecipadas, como queria toda a esquerda, até porque sabiam perfeitamente que PSD e CDS se encontravam em processos de definição de liderança. Marcelo fez-lhe, mais uma vez, o frete.
Marcelo será, certamente, o pior Presidente da República que há memória. Se atribuissem cognomes aos Presidentes da República, tal como se fez aos Reis de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa teria o cognome de “o tagarela”, o “populista” ou “o Rei das selfies”.
E enquanto escrevo este texto, aí está MRS na televisão a falar sobre uma investigação criminal, como comentador. Corrijo. Apareceu novamente a falar em direto em Cabo Verde sobre o trabalho do Parlamento. Corrijo, apareceu uma terceira vez, a falar sobre outro tema.
A Marcelo Rebelo de Sousa só falta atribuir notas aos factos, como fazia na TSF, ainda nos meus tempos de juventude.
E isto é tudo o que um Presidente não deve ser ou fase.
Sentido de Estado, zero. Irresponsabilidade 20.
É impressionante como fala sobre tudo e mais alguma coisa e ao mesmo tempo não influencia, nem decide nada.
Os portugueses estão cada vez mais pobres. Pagam os produtos cada vez mais caros, fruto da subida da energia e dos combustiveis. Pagam cada vez mais impostos.
A bazuca veio para esconder muita coisa. Mas está aí a ser implementada por um Governo em funções, sem o órgão fiscalizador a funcionar como da jeito.
Futuro? Qual futuro…
Ninguém tem ideia de sociedade de futuro. Apenas visão instantânea e de caça ao poder. Política de voto fácil.
E vamos nós para eleições. Eleições essas que nada vão mudar, se bem conheço o povo português. Duas promessas de mais uns tostões de subsídios e lá vão os mesmos de sempre criar mais despesa pública, como se o dinheiro viesse das máquinas.
Estamos no fundo… mesmo fundo.
Mas os portugueses ainda andam felizes.
Pobres e pouco exigentes…