Mercado, Rei e Senhor
Olá, tem um minuto para ouvir a palavra do Mercado Livre?
O Mercado Livre começou com princípios humildes aproximadamente em 10000 B.A.S (nota: os seguidores do Mercado contam a passagem do tempo em B.A.S/A.A.S- Before/After Adam Smith), com as primeiras trocas de bens agrícolas, sendo apenas em cerca de 2500 B.A.S que foram criadas, na China e na Mesopotâmia moedas metálicas que se tornaram no primeiro bem que funcionavam exclusivamente como dinheiro.
A doutrina foi-se propagando aos poucos, mas perante ameaças estadistas que começavam a surgir, o Mercado Livre sabia que era necessário agir antes que fosse demasiado tarde. Enviou então à Terra o seu filho Adam Smith para propagar os seus ideais às massas. Adam Smith escreveu assim o 1ºtestamento do Mercado, também conhecido como “A Riqueza das Nações”, defendendo a livre-concorrência, a não intervenção do Estado na Economia e a propriedade privada.
Existiu alguma oposição a estes ideais, nomeadamente de Karl Marx, que aqui vou generosamente apelidar de “reaça”. Marx era veemente contra o facto de, com a revolução industrial, o proletariado trabalhar longas horas, com péssimas condições e a receberem muito menos do que o produziam, mas discípulos de Adam Smith como David Ricardo, e John Mill ajudaram a combater esta ameaça e a consolidar e propagar os ideais do Mercado. Contudo isso não impediu Karl Marx de fundar a sua própria corrente religiosa, o Marxismo, que se tornou parte integral da religião antagónica ao liberalismo, o Comunismo.
Com a Revolução Russa de 194 A.A.S, o comunismo tornou-se a religião dominante da União Soviética de Lenin e ameaçava expandir-se para o resto do mundo, como tal os Estados Unidos, como principal apoiante dos ideais do mercado tomou as rédeas nesta nobre batalha pela defesa da liberdade, que incluiu apoiar regimes autoritários sangrentos.
A guerra fria (apelidada desse modo pelo facto de o comunismo ser um sistema tão falhado que os seus apoiantes literalmente passavam frio), trouxe também ao mundo o 2ºtestamento do Mercado, “Capitalismo e Liberdade” de Milton Friedman e ainda o conceito de “Reagonomics”, que popularizou a ideia de que se baixássemos impostos aos ricos, eventualmente isso traria benefícios para os pobres. Claro que empiricamente isso nunca funcionou, contudo, como é óbvio, tal se deveu à existência de demasiado estado.
No ano de 268 A.A.S. o Mercado venceu o Comunismo e tornou-se a religião dominante em quase todo o mundo, apesar de haverem várias correntes dentro dela que geram debate. Todavia, continuam a haver pessoas que não se conformam perante o domínio do Mercado e apontam o constante falhanço em eliminar a pobreza, a falta de progresso nos últimos 100 anos das condições laborais, as crescentes desigualdades sociais, o aumento do custo de vidae sucessivas crises como falhanços do Mercado. Porém toda esta discussão é absolutamente fútil e inadequada, já que está cientificamente provado que o Mercado é sem sombra de dúvida o mecanismo mais eficaz de regulação da sociedade que alguma vez existiu, alguma vez irá existir, não há alternativa e por favor não tentem criar outra.
Aos que se queixam destes problemas o Mercado tem uma resposta muito simples para vocês: “Isto de governar o mundo inteiro só com uma mão, enquanto que a outra segura o meu telemóvel não é fácil, nem para uma entidade suprassumo como eu. Prometo que quando ultrapassar este vicio de tiktok e usar as duas mãos para regular a atividade económica eu resolvo-vos isso tudo.”
Palavra da Salvação.
Texto de: Rui Rodrigues
Artigo publicado em parceria com a Associação de Debates Académicos da Universidade do Minho